A disseminação da variante ômicron causou o aumento da busca por testes rápidos e da discussão sobre a liberação dos autotestes, que ainda não foram autorizados pela Anvisa.
Evaldo Stanislau Affonso de Araújo, infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FM) da USP e membro da diretoria da Sociedade Paulista de Infectologia, comentou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição sobre os diferentes testes para covid-19 e o seu papel no combate à epidemia.
Segundo o especialista, tanto os testes rápidos quanto os autotestes para covid-19 são de alta tecnologia, eficazes e simples de serem utilizados. A confiabilidade desses testes é absoluta, quando utilizados corretamente.
O especialista explica, no entanto, que precisamos entender que pergunta o teste busca responder. “No caso dos autotestes e dos testes rápidos, a pergunta é: neste momento, a pessoa que está fazendo o teste tem uma quantidade de vírus suficiente para transmitir para um terceiro?”, conta, e destaca que o teste não responde se a pessoa tem a doença ou não.
Os diferentes testes
“Nós temos várias possibilidades de chegar no mesmo caminho, que é a detecção do nosso alvo, que é o sars cov-2”, conta Stanislau. O infectologista explica que há o teste molecular e o de antígeno.
O teste molecular PCR funciona através da interação de uma parte do vírus com a enzima polimerase. É um teste rápido e altamente sensível, porém não pode ser feito pelo usuário, é caro e, por ser extremamente sensível, pode detectar o vírus mesmo quando a pessoa já não o transmite mais. Há, também, o teste molecular RT-Lamp, uma versão mais simplificada do PCR.
O teste de antígeno tem a vantagem de ser muito estável com as diferentes variantes da covid-19. O teste funciona através de uma reação com o anticorpo que combate o nucleocapsídeo do vírus. O teste é mais acessível e é mais eficaz na primeira semana após a contaminação.
Como funcionam os testes?
Os testes devem ser feitos onde o vírus tem maior presença, no nariz e na garganta. Para o autoteste, Stanislau recomenda a coleta nasal, altamente sensível e eficaz. Segundo ele, a coleta na faringe para autoteste tem o risco de causar reflexo de vômito e traumas.
Outra possibilidade é o teste de saliva, que não pode ser feito pelo usuário, mas pode ser coletado em casa e enviado a um laboratório. Por ser menos incômodo, é ideal para crianças. O resultado desse teste é mais demorado.
Como os testes colaboram para combater a pandemia?
Segundo o infectologista, os testes permitem monitorar com precisão o desenrolar da pandemia, facilitando decisões como o aumento do número de leitos e a contratação de profissionais da saúde. Também é importante para o controle de cadeias produtivas, como o setor de transporte público, comércios e escolas, que, através do teste, podem ter um controle maior do número de funcionários que precisarão se afastar.
Os testes ainda têm importância social por permitirem que pessoas infectadas evitem circular com o vírus.
O especialista comenta que podemos estar “perdendo o timing” para conter a ômicron. “A doença se espalhou de tal maneira que é quase impossível a gente fazer qualquer tipo de contenção”, conta. Para ele, o ideal é tentarmos desacelerar a infecção da população, para evitar que todos se contaminem ao mesmo tempo.
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