Tecnologia patenteada pela USP avalia qualidade das lentes de óculos de sol para direção de veículos

Desenvolvida na Escola de Engenharia de São Carlos, a inovação permite a correta identificação das cores do semáforo, o que nem sempre ocorre quando os óculos são muito escuros

 Publicado: 21/01/2025 às 11:03

chapéu que indica que a matéria faz parte do Momento Tecnologia

Imagem de uma mulher branca, meia idade, cabelos castanhos, vestindo traje escuro e segurando óculos, ao lado de um homem também branco, jovem, barba e bigode, usando óculos e vestindo camiseta branca com listras horizontais escuras. Ambos estão diante de uma mesa onde estão colocados inúmeros óculos de sol, num laboratório em que se podem ver alguns equipamentos para testes.
Professora Liliane Ventura e o pesquisador Artur Duarte Loureiro – Foto: Divulgação/EESC

 

Logo da Rádio USP

Óculos de sol podem ser aliados importantes na direção, especialmente em dias de sol intenso, quando a luminosidade pode ofuscar os sinais de trânsito. No entanto, lentes muito escuras podem dificultar a diferenciação de cores e representar um risco para motoristas. Considerando esses aspectos, o Laboratório de Instrumentação Oftálmica do Departamento de Engenharia Elétrica (SEL) da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP desenvolveu um método inovador que avalia a transmitância de objetos translúcidos, como as lentes de óculos, para verificar sua adequação à direção.

De acordo com Liliane Ventura, professora do SEL e coordenadora do projeto, a proteção ultravioleta é um aspecto já conhecido nesses acessórios, mas há outras características que raramente recebem atenção, como a capacidade das lentes de permitir a correta identificação das cores do semáforo. “Alguns óculos de sol são tão escuros que dificultam perceber a mudança de cor no semáforo”, pontua.

Visão segura

A inovação da equipe, batizada de Método e Sistemas de Medição de Características de Transmitância de Objetos Translúcidos, é um aparelho que mede a transmissão da luz em diferentes comprimentos de onda, como o verde, vermelho, amarelo e até azul, cor utilizada em semáforos de alguns países. Essa análise gera coeficientes que indicam se as lentes atendem ao padrão necessário para uma visão segura durante a direção.

Conforme a docente, medições desse tipo eram feitas, historicamente, com espectrofotômetros, equipamentos complexos que requerem conhecimento técnico para operar. O novo aparelho, segundo ela, realiza análises similares de forma automatizada e com precisão próxima a 99% em relação aos resultados obtidos pelos espectrofotômetros.

“É uma solução prática para óticas e fabricantes, que podem usar o equipamento para avaliar a qualidade das lentes que comercializam”, afirmou a professora. Além disso, o dispositivo foi projetado para ser acessível e eficiente, tornando-se uma alternativa viável para certificação fora de laboratórios especializados.

Mercado

Segundo Liliane, atualmente há óculos tão escuros que dificultam a percepção rápida das mudanças de cor nos semáforos. “Essa análise geralmente é realizada com equipamentos de espectroscopia operados por profissionais especializados. No entanto, queríamos ampliar essa possibilidade de avaliação para um público mais amplo e, com isso, desenvolvemos um protótipo com interface intuitiva, permitindo que qualquer pessoa pudesse testar seus óculos e verificar se são adequados para dirigir.”

Com a concessão da patente, válida por 20 anos, Liliane ressalta o apoio e estímulo da Universidade para que as inovações geradas em suas instalações transcendam o ambiente acadêmico. Ela afirma que a estrutura dos laboratórios, juntamente com o suporte em projetos de extensão oferecido pela Universidade, facilita a conversão do conhecimento científico em inovações úteis para a indústria e a sociedade.

“Com a patente em mãos, nosso próximo passo será aprimorar o protótipo utilizando recursos de extensão e disponibilizá-lo, por exemplo, em museus de tecnologia, no Centro de Divulgação Científica e Cultural, entre outros espaços, para ampliar a acessibilidade e permitir que o público tenha contato direto com o equipamento”, conclui a professora.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.