Tecnologia desenvolvida no HC para combate à covid-19 é legado para a sociedade

Giovanni Guido Cerri ressalta a importância do apoio à ciência e à pesquisa e explica que a pandemia do coronavírus ensinou que se deve reduzir a dependência da importação no mercado da saúde

 21/08/2020 - Publicado há 4 anos
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As tecnologias desenvolvidas pelas várias unidades da Universidade de São Paulo, muita delas em parceria, têm sido aliadas na busca de soluções para o enfrentamento da pandemia e deixarão um legado importante para a sociedade. O Jornal da USP no Ar conversou com Giovanni Guido Cerri, presidente do Instituto de Radiologia (InRad) e do Conselho de Inovação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (HC-FM) da USP, sobre o InovaHC e seus programas de desenvolvimento de plataformas que ajudam na luta contra a covid-19.

Ele explicou que, desde março, quando tomou consciência de que teria uma grande crise sanitária, o HC começou a se mobilizar, adaptando o Instituto Central, o mais antigo da instituição, para o atendimento exclusivo de pacientes com covid-19. “Isso acabou proporcionando uma experiência única: somos o maior centro de atendimento de covid-19 no País, de pacientes graves, e isso criou uma consciência de que o InovaHC deveria também encontrar soluções no combate à covid”, explica.  

“Devo dizer que nunca vi tanta solidariedade como percebemos neste período. A sociedade se mobilizou com doações, pessoas querendo ajudar financeiramente, com equipamentos, oferecendo recursos, e isso nos impressionou”, relata Cerri. O desenvolvimentos de diversas plataformas, segundo ele, se deu graças a isso. É o caso da ViralCure, uma startup que divulga as ações do HC no meio empresarial e ajudava na captação de recursos para a compra de equipamentos. “É um exemplo de startup que o InovaHC ajudou a criar para poder ajudar no combate à pandemia.” 

Outra plataforma criada é o RadVid-19, que auxilia no diagnóstico de casos de covid-19 nacionalmente. Através de um aplicativo, médicos do Brasil inteiro podem encaminhar um exame, uma tomografia computadorizada, para essa plataforma de inteligência artificial (IA) e, em poucos minutos, um relatório é devolvido, informando se é suspeito de contaminação e qual a extensão da doença. 

“Muitos radiologistas e médicos em todo o País não tinham expertise nos diagnósticos da covid-19, por não terem tanto contato com a doença. Já nossos radiologistas, por trabalharem neste grande centro de atendimento, conheciam bem o padrão e puderam auxiliar outros centros”, diz o professor. Segundo ele, as tomografias computadorizadas são importantes por oferecerem um diagnóstico precoce das consequências pulmonares da covid-19.

Recentemente, foram selecionadas startups nacionais para desenvolver algoritmos nacionais. “Os casos brasileiros, a casuística no País, são diferentes dos europeus ou dos chineses, que têm um perfil populacional diferente. É importante termos um algoritmo dentro da nossa realidade”, explica Cerri. Ele conta ainda que grupos no HC já começaram a trabalhar em plataformas de IA para diagnósticos de cânceres de pulmão e de mama. “Sabemos que a IA pode ajudar o radiologista na produtividade e na precisão diagnóstica, o que dá mais segurança ao paciente também.” 

Ressaltando a importância do apoio à ciência e à pesquisa, Cerri explica que a pandemia do coronavírus ensinou que se deve reduzir a dependência da importação no mercado da saúde. Ele cita a parceria do HC com a Escola Politécnica (Poli) da USP, como no caso dos respiradores mecânicos e coxins para os pacientes das UTIs e dos robôs que manipulam lixo hospitalar.

“São iniciativas que surgem na pandemia e estão se transformando em um grande projeto de telessaúde. É muito importante que essas iniciativas, no entanto, possam se transformar em projetos permanentes, a fim de que sejam utilizados e beneficiem os pacientes do HC, da rede pública e mesmo da rede privada. Essa continuidade, esse legado, é o que estamos conseguindo viabilizar em diversos projetos”, finaliza Cerri. 

Ouça a íntegra da entrevista no player.


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