Um surto de tosse convulsa, também chamada de coqueluche, está ocorrendo na Europa. O assunto preocupa, porque ela pode ser confundida com um resfriado, mas, na verdade, é uma infecção altamente contagiosa. Turistas que circulam pelos diversos países da Europa podem transmitir a doença. Com certeza você deve estar se perguntando que doença é essa: tosse convulsa? Algo bem familiar, que conhecemos por outro nome: tosse comprida ou coqueluche. Por incrível que pareça, apesar de existir vacina para a doença, um surto atinge a Europa desde janeiro deste ano. Apenas em Portugal foram 200 registros em quatro meses, ante 22 casos em 2023.
O infectologista Marcos Boulos, professor sênior do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP, explica que “a doença era altamente frequente, principalmente na década de 1970, e só desapareceu depois do início da vacinação”, avalia.
O especialista reforça sobre a importância da vacinação em crianças nos primeiros meses de vida. A vacina tríplice bacteriana (DTP) protege contra a difteria, o tétano e a coqueluche.
De acordo com o Ministério da Saúde, a vacina tem uma alta taxa de proteção e deve ser dada em três doses, aos 2, 4 e 6 meses, com reforço aos 15 meses e aos 4 anos.
No entanto, a imunidade, apesar de duradoura, não é permanente, por isso a importância dos reforços nos adultos a cada dez anos.
Sintomas parecidos aos do resfriado
Confundida com um resfriado, a coqueluche é uma infecção bacteriana altamente contagiosa causada pela bactéria Bordetella pertussis. Entre os sintomas estão: febre baixa, catarro e tosse incontrolável, que pode dificultar a respiração. Os mais vulneráveis são os bebês com menos de seis meses por causa da baixa imunidade, segundo Boulos. Mesmo assim, os adultos que têm contato com o bebê devem ficar atentos, pois a criança pode passar a coqueluche para o adulto.
O professor tranquiliza quem pretende viajar para a Europa nos próximos meses e orienta o uso de máscara, já que a transmissão se dá por via respiratória e por gotículas de saliva quando a pessoa fala, tosse ou espirra. O tratamento é feito com antibióticos e, quanto mais precoce, maior a chance de reduzir a gravidade e a transmissibilidade da doença.
O Estado de São Paulo registrou 37 casos de coqueluche este ano. Só na capital, foram confirmados 32 casos, o que representa aumento de quatro vezes em relação a todo o ano de 2023. Os dados são da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), que não registra mortes pela doença. O aumento de notificações trouxe um alerta, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), mas a capital não está em surto, os casos foram registrados nas zonas oeste e sul.
De acordo com dados do Sistema de informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), em 2012 o Brasil vacinou 93,81% do público-alvo e a região Sudeste alcançou a maior cobertura (95%). Já em 2022, a vacinação caiu para 77,25% e o Sudeste despencou para 74,79%. Surtos da coqueluche foram descritos pela primeira vez no século 16. A bactéria que causa a infecção foi descoberta em 1906 e a vacina contra a tosse convulsa tornou-se disponível na década de 1940.
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