Sobretaxas de exportação na área siderúrgica não fazem sentido

Segundo professor da USP, o receio dos EUA é que o Brasil seja usado na triangulação de outros países

 18/04/2018 - Publicado há 6 anos

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No início de março deste ano, os Estados Unidos anunciaram as novas sobretaxas no alumínio e no aço. De lá para cá, o governo brasileiro busca uma forma de negociar as taxas aplicadas a esse setor, que foram suspensas para o país no final do mês passado. Em entrevista à Rádio USP, o professor de Administração Financeira, Alberto Borges Mathias, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (Fearp) da USP, explicou em que pé estão as negociações.

Segundo o professor, a abertura de tarifas contra o País não tem sentido, levando em conta que, na importação americana, o Brasil representa apenas 1,2% dessas importações. O especialista explica que o Brasil pode vir a ser usado para triangular produtos de outros países. No planejamento estratégico da China e da Alemanha, o país entrou como referência de produção para exportação à América Latina e aos EUA. Este seria o receio dos norte-americanos: que a base industrial brasileira seja em parte incorporada, principalmente pela China, para fazer o trânsito de produtos chineses ou até mesmo ter sua produção aqui.

Sobre esse momento de discussões, Alberto Borges Mathias comenta que o Brasil estreitou relações com a China, que passou a ser o principal agente no comércio internacional brasileiro. Os EUA, ao perceber que perderam essa oportunidade, querem voltar a ganhar esse processo. As negociações do mercado brasileiro com os Estados Unidos fluem para outros produtos. Ambos os países possuem interesse em exportar produtos diferenciados.

Para o professor, “toda ameaça pode ser vertida em oportunidade”. Ele explica que, dependendo da capacidade negociadora dos agentes brasileiros, pode-se ter grandes vantagens na exportação de produtos de outras áreas, além da siderúrgica, para os EUA, em troca do aumento de importação de outros itens para o Brasil, como, por exemplo, o próprio segmento automobilístico.

Jornal da USP, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.
Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima.


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