Rede de laboratórios de São Paulo pretende realizar 8 mil testes diários para covid-19

A rede é formada por uma parceria que reúne 20 laboratórios públicos e privados; a USP tem participação expressiva e faz parte com cinco núcleos

 14/04/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 15/04/2020 as 16:52
Recepção de amostras para teste do Coronavirus no Laboratório Central do Estado (LACEN) – Foto: Geraldo Bubniak/AEN via Fotos Públicas

Neste mês foi lançado pelo governo de São Paulo uma plataforma de laboratórios para diagnóstico de covid-19. A rede é formada em parceria com 20 laboratórios públicos e privados e a ideia é que sejam feitos mutirões para diminuir a fila de espera de resultados de exames. O Jornal da USP no Ar entrevistou o coordenador da rede, Dimas Tadeu Covas, diretor do Instituto Butantan e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.

“Essa rede tem o objetivo de realizar exames do tipo RT-PCR, que identifica o vírus e é aplicado na fase aguda da doença, com apresentação de sintomas. A meta é realizar, em até quatro semanas, 8 mil exames diários”, destaca Dimas Covas. Com participação expressiva, a USP faz parte na rede com cinco núcleos: Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP em São Paulo, HC de Ribeirão Preto, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos de Pirassununga, Faculdade de Odontologia de Bauru e o Hospital Universitário (HU). Também integram a plataforma o Instituto Adolfo Lutz (central e regionais), Instituto Butantan, Laboratório de Análises Clínicas e Patologia do HC da Unicamp, entre outros.

Na semana passada, 17 mil testes ainda aguardavam na fila, em São Paulo. Covas afirma que mais de 5 mil resultados foram liberados. A velocidade de novos casos que chegam aos hospitais e a capacidade de realização de testes trazem uma necessidade ainda maior de medidas já em curso, como o isolamento social. “Nem todas as pessoas conseguem entender a dimensão disso. Quando falamos ‘fiquem em casa’, queremos dizer: diminuam a transmissão e taxa de infecção do vírus”, explica o diretor do Instituto Butantan. Ele ressalta que, se uma pessoa não tem contato com outra, ela não transmite o vírus, mesmo estando infectada e sem ter feito o teste que confirme a covid-19.

Hoje, o Ministério da Saúde está focando em testar os casos mais graves, óbitos e profissionais da saúde. Covas esclarece: “Essa é uma política que deve ser expandida à medida que chegarem mais testes”. O primeiro lote importado da Coreia do Sul, composto por 725 mil testes, chegou a São Paulo nesta madrugada e já foi encaminhado ao Instituto Butantan para ampliação da capacidade diária de processamento de exames. Ele destaca que o Estado de São Paulo tomou a medida de importar 1,3 milhão de testes sul-coreanos. A expectativa é de que essa quantidade alivie a situação do Estado, que terá a rede de laboratórios abastecida para a realização de mais testes na medida em que casos graves forem aparecendo.

Mesmo com esse reforço, algo ainda se mostra muito importante neste momento. “Isolamento social é a única medida que o Brasil pode adotar neste momento para fazer o enfrentamento da epidemia [de forma direta]. Não existe outro método, nem vacina, nem medicamento. É ficando em casa que vamos conseguir controlar a epidemia”, defende Dimas Tadeu Covas.

Ouça a entrevista na íntegra no player acima.


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