Quem furtou a escultura “Diana, a Caçadora”, que estava, há 75 anos, no Vale do Anhangabaú?

A obra de arte de mais de 2 metros desapareceu sem que ninguém visse. Esse é mais um ataque ao patrimônio no espaço público

 19/08/2019 - Publicado há 5 anos

 

 

A pergunta foi ao ar na Rádio USP, na coluna Ouvir Imagens (clique no player acima). Indignada com esse ataque ao patrimônio artístico, a artista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Giselle Beiguelman, comenta: “A notícia do roubo foi divulgada no dia 13 de agosto. Mas presume-se que ocorreu por volta do dia 19 de junho, quando um técnico de segurança do Consórcio Central, responsável pela execução das obras de reurbanização do Vale do Anhangabaú, notou o desaparecimento da estátua que ficava na Praça Pedro Alessa”.

A professora levanta duas questões: “A primeira é como uma estátua de mais de 2 metros some de um canteiro de obras sem que ninguém perceba? A segunda, que me impressionou, foram os comentários na internet  de pessoas que não se lembravam de Diana, a Caçadora. Por que ninguém sentiu falta?  Ou melhor, como as obras de arte pública se tornam invisíveis?”.

Diana, a Caçadora, é uma réplica em bronze, muito bem-feita por alunos do Liceu de Artes e Ofícios em 1944. A escultura original é do francês Jean-Antoine Houdon, do século 18, e está no Museu do Louvre, em Paris.

O descaso com o patrimônio artístico nos espaços públicos de São Paulo é um dos temas que Giselle Beiguelman vem abordando em suas instalações, nas aulas na Universidade de São Paulo e também no livro Memória da Amnésia, que acaba de publicar pelas Edições Sesc São Paulo.

O desaparecimento recente de Diana, a Caçadora remete às oito esculturas, a maioria da década de 1870, que se encontravam no lago Cruz de Malta, no Jardim da Luz, e foram depredadas sem que ninguém visse. A artista foi até a Casa do Administrador, onde foram armazenadas pelo Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura, e reuniu as estátuas do jeito como as encontrou. Estavam todas no chão, sem cabeça, braços, mãos, na instalação Chacina da Luz. Esses fragmentos estão expostos até o dia 1º de setembro no Solar da Marquesa, na Rua Roberto Simonsen 135, Centro.

Para mais informações sobre o desaparecimento da escultura Diana, a Caçadora e a instalação Chacina da Luz acesse: www.desvirtual.com

 


Ouvir Imagens 
A coluna Ouvir Imagens, com a professora Gisele Beiguelman, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h, na Rádio  USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e  TV USP.

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