A Câmara dos Deputados aprova urgência de projeto para tratar civis em hospitais militares. Segundo o texto, o custo do tratamento dos civis seria absorvido pelos orçamentos das respectivas corporações vinculadas às unidades de saúde. A Justiça Federal negou liminar para que as Forças Armadas fornecessem leitos nos hospitais militares para atender pacientes infectados pela covid.
Em conversa com o Jornal da USP no AR 1º Edição, o professor Gonzalo Vecina Neto, do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP, ex-secretário nacional da Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde e fundador da Anvisa, defende que os hospitais das forças militares, espalhados pelo Brasil, devem atender civis infectados pelo coronavírus. “O Exército tem que servir à pátria e, neste momento, servir sua pátria é atender aos pacientes que estão com covid e que não têm onde ser atendidos, e existem esses espaços nos hospitais militares”, afirma Vecina. Por diversos fatores, como o público formado por soldados jovens e também por não estarmos em guerra, os hospitais militares brasileiros têm taxa de ocupação de leitos muito baixa.
O professor afirma que a grande maioria dos estabelecimentos militares está preparada do ponto de vista técnico e de recursos humanos para atender qualquer emergência. “Acho que esses cuidados legais devem ser ultrapassados com eventual aprovação desse projeto de lei e acho que os militares teriam que abrir as portas e seus hospitais excepcionalmente para atender à sociedade civil. Inclusive, colocar à prova a baixa taxa de ocupação para, num momento seguinte, buscar uma forma de funcionar de maneira mais eficiente, com uma gestão melhor desses leitos”, afirma Vecina. Para ele, pelo ritmo e pela incúria do governo federal em comprar vacinas, a vacinação estará completa apenas no início do ano que vem. “Até lá, vai ter gente adoecendo e morrendo e provavelmente nós vamos ter vários episódios ainda pela frente de falência no sistema de atenção hospitalar, aí é importante contar com a contribuição dos hospitais militares.”
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