A migração interna no Brasil teve seu ápice entre os anos de 1960 e 1980, quando houve um avanço na urbanização e um grande deslocamento de pessoas do campo para as capitais. Isso ocorreu principalmente da região Nordeste, de onde muitos saíram desde a década de 40 para o Sudeste do País. Paulo Feldmann, professor de Economia da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, explica que “o processo de migração interna, hoje em dia, não é tão intenso quanto no período de urbanização do Brasil”. Ele lembra que, durante a pandemia, houve um número grande de desempregados, uma das taxas mais altas dos últimos anos, e com isso muitos buscaram no interior novas oportunidades, mas não foi algo explosivo.
O economista destaca que é muito raro hoje as pessoas saírem das capitais para buscar melhores condições de trabalho em outro local. “O aumento, como sempre, é motivado por razões econômicas. As pessoas mudam porque procuram empregos e muitas vezes eles não estão onde elas moram, e elas precisam se dirigir para as cidades, as capitais, onde há um número expressivo de contratações e de empregos.” Essa migração não traz problemas para as capitais, a não ser quando há falta de mão de obra como em anos anteriores, quando houve um boom de construção de imóveis e faltava mão de obra especializada, e muita gente vinha de outras localidades para São Paulo, Rio de Janeiro e grandes centros para trabalhar no setor da construção civil. O professor Feldmann destaca que “é mais natural as pessoas virem do interior para as capitais. É muito raro as pessoas saírem das capitais em direção ao interior.”
Comparação com outros países
Se comparado a outros países, o processo de migração interna no Brasil é relativamente alto, dado o seu tamanho. “Como é um país enorme, e às vezes não há boas oportunidades em alguma região, por exemplo, o Nordeste, as pessoas vêm ao Sudeste em busca de empregos.” As pessoas normalmente procuram tanto o litoral quanto outras capitais. Mas o litoral tem uma procura maior porque há centros turísticos, hotéis, restaurantes e os períodos de férias de verão, o que faz com que mais profissionais do interior busquem atuar no setor turístico.
A procura pelo interior não é muito comum, a não ser que se trate de uma região que esteja passando por uma fase positiva, como o Centro-Oeste do País. O professor Feldmann destaca que “o agronegócio nos últimos anos tem estado bem no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, são Estados que têm uma demanda grande por pessoas, por trabalho e por emprego”.
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