Para analista, menção na Lava Jato já compromete credibilidade

Duarte Nogueira, do PSDB e atual prefeito de Ribeirão Preto, nega ter recebido R$ 300 mil em Caixa 2 nas campanhas de 2010 e 2014

 18/04/2017 - Publicado há 7 anos     Atualizado: 20/04/2017 as 13:56
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O prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, do PSDB, está envolvido na Operação Lava Jato, citado por três delatores: Benedicto Barbosa da Silva Junior, Carlos Armando Guedes Paschoal e Cláudio Melo Filho, ex-executivos da Odebrecht. No total, segundo os delatores, o então deputado federal Duarte Nogueira teria recebido doação de 650 mil reais da empreiteira nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014. Desse montante, 350 mil reais seriam relativos ao Caixa 2.

Duarte Nogueira, prefeito de Ribeirão Preto – Foto: Renato Araujo/Agência Brasil

Como perdeu o foro privilegiado, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, encaminhou o processo sobre Nogueira para ser julgado no Tribunal Regional Federal da terceira região, que abrange os Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Para o professor José Luiz Passador, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (Fearp) da USP e especialista em Gestão Pública, mesmo que a culpa não seja comprovada, a simples menção do nome na Operação Lava Jato compromete a credibilidade do prefeito enquanto administrador.

A expectativa é que ao longo desta semana a Procuradoria Regional Federal instaure inquérito para investigar os relatos feitos pelos três ex-executivos da Odebrecht.

O prefeito Duarte Nogueira divulgou nota em que afirma que não há nenhum fundamento nas acusações de que teria recebido doações ou agido para defender interesses de empresas junto a órgãos da administração federal. Ele ressalta que todas as doações recebidas em suas campanhas eleitorais de 2010 e 2014 foram regularmente declaradas e aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Duarte Nogueira integra lista de denunciados que ocupam cargos de alta relevância, como prefeituras de cidades importantes. Outros nomes também citados são os dos deputados Arthur Maia (PPS da Bahia), relator da Reforma da Previdência, Vicente Cândido (PT de São Paulo), relator da Reforma Política, e o do deputado Onix Lorenzoni (DEM do Rio Grande do Sul), relator do pacote anticorrupção.

Ao contrário do prefeito, os deputados serão julgados pelo Supremo Tribunal Federal. Muitos apostam na prescrição em função de uma possível demora excessiva por parte do STF, mas o professor de Direito Penal Victor Rodriguez, da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) da USP,  adianta que a corte tem se preparado para julgar esses processos. A ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, juntamente com o relator da Lava Jato, ministro Edson Fachin, criou uma força-tarefa para dar conta do recado.

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Nota resposta do prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, sobre a matéria acima:

A respeito da matéria “Para analista, menção na Lava Jato já compromete credibilidade”, o prefeito de Ribeirão Preto e ex-deputado federal Duarte Nogueira esclarece que não está em nenhuma lista de denunciados, porque não há denúncia e nem mesmo investigação, apenas citação de seu nome em delação com informações que dependem de comprovação. O prefeito reafirma sua disposição de prestar todos os esclarecimentos necessários e lembra que em 22 anos de vida pública não tem um só processo contra ele. Ressalta que em 11 eleições disputadas teve todas as suas contas de campanha aprovadas sem qualquer ressalva pelo Tribunal Regional Eleitoral. Duarte Nogueira está tranquilo e certo de que tudo será esclarecido. Espera ainda que a apuração ocorra de forma célere para que se separe culpados de apenas citados em delações.

Guto Silveira
Coordenador de Comunicação Social da Prefeitura de Ribeirão Preto

 


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