Pesquisadora defende que ultraprocessados sequer são alimentos

Renata Bertazzi Levy, citada entre os maiores cientistas do mundo, diz que combate ao tabagismo pode ser exemplo para taxar indústria alimentícia

 03/12/2019 - Publicado há 4 anos
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Ganho de peso, incidência de diabete, doenças cardiovasculares, certos tipos de câncer e outras doenças associadas à mortalidade são todos malefícios relacionados ao consumo de gêneros alimentícios ultraprocessados. A professora Renata Bertazzi Levy, da Faculdade de Medicina (FM) da USP, fala que é um absurdo subsidiar refrigerantes, como feito no ano passado. Holdings da produção de alimentos têm grande capacidade financeira, e uma ação de saúde pública na nutrologia “precisa de ação governamental”.

Destacada entre os maiores pesquisadores do mundo eleitos pela consultoria Clarivate Analytics, Renata defende que o exemplo das políticas antitabagismo deve ser seguido na luta contra o consumo de alimentos ultraprocessados. “Propaganda para público infantil e adolescente, venda em escola, devem ser proibidas”, diz em entrevista ao Jornal da USP no Ar. Ela defende que regulação de rotulagem e aumento de impostos também teriam um impacto positivo na saúde pública.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Os cientistas do Departamento de Medicina Preventiva da FM ganharam importância mundial ao reclassificar os alimentos em quatro novos grupos. No primeiro, estão alimentos quase sem processamento, como arroz, batata, farinha, carne. Compõem o segundo ingredientes extraídos de produtos básicos, como azeites, óleos, açúcar e sal. Comidas cujo processo industrial pode ser reproduzido em casa fazem parte do terceiro grupo, como pães, massas e compotas de frutas. Feitos com gorduras hidrogenadas, amidos e açúcares modificados, as bolachas e os salgadinhos de pacote, além de embutidos, estão no quarto grupo e nem sequer poderiam ser chamados de alimentos, de acordo com Renata.

Uma nova pesquisa de epidemiologia em nutrição está em andamento, conta a nutricionista. O estudo vai acompanhar 200 mil pessoas de todas as regiões do País para identificar características da alimentação brasileira que aumentam ou diminuem o risco de doenças crônicas. No Brasil, 20%, em média, da dieta é composta por alimentos ultraprocessados. Nos EUA, a marca alcança 60%. Interessados em participar da pesquisa devem entrar em contato no site Nutrinet.

Ouça a entrevista na íntegra no player acima.


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