Pesquisa mostra que autoestima é elevada entre os homens, mas não entre as mulheres

Tatiane Possani comenta dados segundo os quais 20% das mulheres sofrem com baixa autoestima; já entre os homens, a proporção é de apenas 3%

 07/06/2022 - Publicado há 2 anos
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A autoestima feminina e masculina é favorecida por aspectos sociais, culturais e por experiências individuais – Fotomontagem feita por Jornal da USP com imagens de Freepik e Rawpixel

 

Estudo realizado pelo Instituto Ideia com 663 voluntários revelou que apenas 3% dos homens brasileiros se acham feios e que 47% se consideram bonitos. A autoestima entre os homens se mostrou elevada, enquanto o resultado da pesquisa realizada pelo Instituto Kantar, do Ibope, divulgou que, entre as mulheres, a realidade é outra: 20% sofrem com baixa autoestima.

Tatiane Possani, psicóloga – Foto: Reprodução/LinkedIn

A psicóloga Tatiane Possani analisa historicamente os principais motivos que levaram as mulheres a se tornarem mais autocríticas que os homens. Segundo a especialista, desde muito jovens, as mulheres apresentam cobranças familiares e sociais em relação aos seus corpos e comportamentos, favorecendo uma maior insatisfação corporal.

Apesar dos avanços da luta feminista por igualdade de gênero, a especialista explica que ainda há muitos resquícios do patriarcado, quando as mulheres eram consideradas um objeto de posse dos homens e vistas como inferiores. Essa realidade colaborou historicamente para que as mulheres valorizem a aparência dos seus corpos em detrimento de outros aspectos, como a funcionalidade do seu corpo.

A autoestima feminina e masculina é favorecida por aspectos sociais, culturais e por experiências individuais. Contudo, enquanto características físicas têm grande relevância para as mulheres, para os homens, fatores como o autorreconhecimento implicam mais na sua baixa autoestima, como o fato de estar empregado ou não, explica a psicóloga.

Influência da mídia

Padrões físicos são compartilhados e estimulados pela mídia a todo momento, influenciando a construção da imagem corporal, muitas vezes de maneira negativa. A imposição de um padrão atinge homens e mulheres, ainda que em intensidades diferentes.

Apesar de as mulheres serem o principal alvo de propagandas publicitárias e de terem seus corpos objetificados na mídia com frequência, sendo influenciadas de maneira relevante, os homens não são imunes a essas influências.

Segundo a psicóloga, “os estudos existentes mostram que os homens estão cada vez mais ocupando espaço na mídia ocidental, e algumas pesquisas sugerem que essa maior exposição pode ser prejudicial a eles, tendo consequências negativas semelhantes às das mulheres”.

Impactos da baixa autoestima

Problemas com a baixa autoestima podem surgir em diferentes áreas da vida do homem e da mulher, geralmente de maneira semelhante. A autoestima no geral é construída em uma série de domínios, como competências acadêmicas, aparência física, status de relacionamento e apoio familiar.

Cada indivíduo pode basear sua autoestima com mais intensidade em um desses domínios, o que define consequentemente a área mais afetada na sua vida. A psicóloga conta que, “de forma geral, a baixa autoestima pode favorecer o isolamento social, insegurança e a autodesvalorização generalizada”.

No entanto, em casos em que o indivíduo aposta sua autoestima na aparência, transtornos diferentes ocorrem em homens e mulheres. Enquanto entre eles a vigorexia é mais comum, entre elas a anorexia e a bulimia nervosa predominam. Outro fator importante é que o uso abusivo de álcool e drogas é mais prevalente no homem do que na mulher, segundo a especialista.


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