Para professor da USP, ainda não se pode falar em paz real na Colômbia

O acordo, que coloca fim a um conflito que se tornou um dos grandes obstáculos para o desenvolvimento colombiano, é bastante promissor

 01/09/2016 - Publicado há 8 anos

Acompanhe a entrevista do professor Rafael Villa, do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo, concedida ao repórter Fabio Rubira:

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Foto: Visualhunt
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A Colômbia comemora o acordo de paz que coloca fim a um conflito armado que, durante 52 anos, mobilizou  as forças do governo e os rebeldes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e deixou um saldo de  260 mil mortos, quase 7 milhões de deslocados e 45 mil desaparecidos no país. O acordo de cessar-fogo entrou em vigor no último dia 29 de agosto e deverá ser referendado pela população em um plebiscito a ser realizado no dia 2 de outubro. Antes, será formalmente assinado pelas partes envolvidas entre os dias 20 e 26 de setembro, em local a ser definido, mas que, segundo a Agência Brasil,  poderá ser Bogotá, Havana ou a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.

Para o professor Rafael Villa, do Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP, o acordo é bastante promissor, mas traz a promessa de uma paz mais formal do que real. A paz, em toda sua plenitude, só deverá ser consolidada a longo prazo, já que importantes desafios se impõem de imediato ao governo e à sociedade da Colômbia. A forma como as vítimas do conflito serão reparadas demandará longas e complexas negociações, inclusive jurídicas. Outro ponto em questão está ligado às próprias Farc, cujos membros – que deverão ser reintegrados à vida social e política da C0lômbia –  necessitarão ter sua segurança assegurada em meio a uma sociedade hostil às ações que empreenderam no passado.

O professor Villa lembra que, na primeira tentativa de reintegração, ainda no final dos anos 80, mais de 3 mil integrantes das Farc morreram – inclusive dois candidatos presidenciais – em consequência da ação de grupos paramilitares e de narcotraficantes. Além disso, observa o professor, será preciso neutralizar grupos que se mostram insatisfeitos com o processo de negociação da paz, entre os quais setores do exército, paramilitares e  narcotraficantes, sem deixar de mencionar grupos ligados ao ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, igualmente insatisfeito com a atual situação.

 

 

 


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