Papel do horário eleitoral gratuito nas eleições é incógnita neste ano

Propaganda no rádio e na TV será mais curta e não se sabe qual será o impacto no voto do eleitor

 30/08/2018 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 14/09/2018 as 17:30

jorusp

A partir desta sexta-feira (31), tem início o horário eleitoral gratuito no rádio e na TV, com 35 dias de duração. Serão exibidos dois blocos diários de 25 minutos cada, divididos em segmentos. Os programas dos candidatos à Presidência e a deputado federal serão exibidos às terças, quintas e aos sábados. Por sua vez, os candidatos ao governo dos estados, ao Senado e a deputado estadual serão exibidos às segundas, quartas e sextas. Nos domingos, não haverá propaganda. Os partidos terão direito também a 70 minutos de inserções diárias. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, Humberto Dantas, doutor e mestre em Ciência Política pela USP, falou sobre as características do horário eleitoral em 2018.

Segundo o professor, “há novidades que embrulham presentes antigos.” Ou seja, há candidatos que parecem ser inovadores e não são. Na opinião de Humberto Dantas, os eleitores precisam tomar cuidado com esperanças em grandes revoluções, pois conquistas partidárias levam tempo e demandam estratégia e investimento. Ele avalia que, neste ano, os blocos do horário eleitoral estão mais curtos e as inserções diárias ganham peso em tempo. A campanha eleitoral terá cara de venda de produto e não de exposição de ideias. “Quem entende de marketing acha eficiente, quem entende de política acha deprimente”, comenta.

Sobre o tempo de cada candidato nas propagandas eleitorais, o professor esclarece que a distribuição é feita de acordo com as coligações dos partidos políticos. Os tempos na TV e no rádio são somados para uma dada candidatura. Segundo ele, essa regra beneficia os grandes partidos e as grandes alianças. Ele ressalta que neste ano teremos cláusula de desempenho, isso quer dizer que os partidos que não atingirem 1,5% dos votos válidos para deputado federal ou não elegerem ao menos nove deputados federais, nem aparecerão no horário eleitoral gratuito nas eleições de 2020 e 2022.

O professor salienta que a distribuição de tempo na propaganda eleitoral e de dinheiro público para os partidos está ancorada ao voto para deputado federal. Além da responsabilidade do eleitor de escolher o parlamentar federal, seu voto para deputado federal na eleição de agora define o dinheiro do fundo partidário para os próximos quatro anos, o dinheiro do fundo eleitoral e a distribuição do horário eleitoral gratuito das eleições de 2020 e 2022.

Para Humberto Dantas, o papel do horário eleitoral neste ano é uma grande questão. Segundo ele, há algo inédito na história das eleições para presidente: os candidatos que lideram as pesquisas são absolutamente inexpressivos no que diz respeito a tempo de televisão, enquanto os que possuem hoje menos de 10% nas intenções de voto terão mais tempo. Há quatro candidatos que vão ficar com quase 80% do horário eleitoral. Resta saber se isso impulsionará suas candidaturas ou se não fará grande diferença.

Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.

Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93,7, em Ribeirão Preto FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima.

 


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