Otimismo é uma habilidade que pode ser desenvolvida em qualquer idade

Para Martha Leticia Aguirre Quintero, aprender a identificar coisas boas que aconteceram no nosso dia pode ajudar-nos a mudar as emoções negativas

 25/01/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 27/01/2022 as 13:28
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Otimismo não é uma condição da idade, porque todas as pessoas têm a capacidade de desenvolver uma habilidade           Arte: Jornal da USP

 

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Uma pesquisa intergeracional do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do Instituto Gallup entrevistou adolescentes e jovens, de 15 a 24 anos, e adultos maiores de 40 anos de 21 países. Entre os resultados, verificaram que os jovens (50%) são os que mais acreditam na melhora do mundo em comparação com as gerações mais velhas. 

Quem compartilha desse otimismo é o jovem estudante de jornalismo Mauro Marinho, de 20 anos. Em relação ao futuro da sociedade, Marinho diz acreditar em uma melhora, “mas não em uma melhora rápida”, já que, para ele, as mudanças ocorrerão no longo prazo.

Mas para a psicóloga Martha Leticia Aguirre Quintero, mestre em neurociências e comportamento pelo Instituto de Psicologia da USP, otimismo “não é uma condição da idade, porque todas as pessoas têm a capacidade de desenvolver uma habilidade”, além de se tratar de um conceito amplo e que envolve diversas variáveis que influenciam a vida das pessoas. 

A pesquisadora conta que as pessoas possuem capacidades de desenvolver diferentes habilidades e que, a partir da psicologia positiva, a esperança e o otimismo são vistos como emoções positivas sobre o futuro, havendo, inclusive, evidências sobre como esses aspectos podem se desenvolver. “Na psicologia positiva, se estudam as capacidades ou fortalezas dos seres humanos, a esperança é uma delas.”

A partir dessa vertente da psicologia, Martha diz que pessoas otimistas “explicam eventos positivos como um resultado permanente do uso de suas habilidades ou forças”, ao contrário dos pessimistas, que “relatam a existência de causas transitórias ligadas a estados de espírito e esforço”. É por isso que a professora vê a necessidade de o indivíduo desenvolver habilidades de autoconhecimento e autoeficácia para se sentir capaz de realizações, aumentar a motivação e esperar por resultados positivos ao planejar o futuro com uma vida que tenha significado e propósito. 

Acesso à informação e diferença entre gerações

Para o jovem otimista Marinho, as diferenças de perspectiva das gerações são influenciadas pelo acesso à informação e afirma perceber essa mudança em comparação a seus pais. “Acredito que a busca por informação, conhecimento, vai ser cada vez maior para as próximas gerações”, prevê o estudante, para quem o acesso à informação “está cada vez mais fácil”, com as pessoas buscando mais e mais por informação, o que deverá ser mantido com o passar das gerações.  

Perspectiva defendida também por Martha, que vê claramente as diferenças entre as gerações pelo fato de que “as pessoas jovens têm acesso a muitas coisas a mais do que as pessoas mais velhas”, podendo influenciar em uma visão mais global e otimista. 

Práticas para aprender a ser otimista

Segundo a psicóloga, “uma pessoa otimista tem um estilo cognitivo diferente, um jeito diferente de interpretar as situações da vida”. E adianta que, para desenvolver a habilidade do otimismo e gerar pensamentos positivos, existem algumas técnicas derivadas da terapia cognitiva que podem ser incorporadas no dia a dia a partir de práticas simples.

Uma dessas práticas, ensina Martha, consiste em escrever os pensamentos negativos e, ao mesmo tempo, “um pensamento positivo que possa rebater essas ideias”, pois a tendência do pensamento pessimista é antecipar o pior. Explica que “é importante aprender a identificar esses pensamentos negativos e ir adquirindo a habilidade de debatê-los”, de modo que “vamos adquirindo a consciência desse estilo de pensamento” para ser possível identificá-los facilmente quando surgirem e gerar afirmações positivas das mesmas situações.

Outra prática recomendada é a gestão adequada das emoções. “Podemos realizar práticas para cultivar emoções positivas, uma dessas práticas pode ser a gratidão e a apreciação da beleza”, exemplifica Martha. Essas práticas estimulam as novas habilidades, afirma, pois, “aprendendo a identificar coisas boas que aconteceram no nosso dia, também pode ajudar-nos a mudar as emoções negativas e o jeito de olhar para situações e mudar as interpretações que fazemos das situações”. 

A professora diz que essas práticas auxiliam no aprendizado de novas habilidades: identificar coisas boas que aconteceram ao longo do dia ajudam a mudar as emoções negativas e o jeito de olhar para situações, modificando as interpretações sobre as situações vivenciadas. “Olhando com autocompaixão, enxergando o bom do nosso dia a dia, vivendo e desfrutando do momento presente”, completa.


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