A doença infecciosa Mpox ultrapassa mais de 100 mil casos no mundo desde o primeiro que se tem notícia, o que preocupa a OMS (Organização Mundial da Saúde), que emitiu um alerta global – 121 países confirmaram a doença, que agora também está sendo associada a uma nova variante do vírus, a clado 1b.
Também conhecida como Mickey, Pops ou Varíola dos Macacos, é uma doença que é parecida com a varíola, que acometia os humanos e foi eliminada do mundo antes dos anos 80. Seu nome foi modificado porque os macacos são um reservatório desse vírus na natureza, assim como outros animais, mas isso não é uma exclusividade dos primatas.
Max Igor Banks Ferreira Lopes, coordenador do Ambulatório de Moléstias Infecciosas e Parasitárias no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, explica que a doença circula na África, principalmente na parte da África Subsaariana, embaixo do deserto do Saara e da Floresta Equatorial. Ela ocorre principalmente nos países da República Democrática do Congo.
“Existem duas variantes da doença e mais de 100 mil pessoas foram contaminadas no mundo pela primeira variante. Já são observados casos da segunda variante. Diferentes do ponto de vista genético, são identificadas como clado 1, mais grave, e clado 2, menos grave, que entre 2022 e 2023 apresentou uma circulação mundial; até então isso nunca tinha acontecido. A transmissão ocorre muito pelo contato íntimo entre as pessoas, uma vez que sua transmissão é muitas vezes relacionada à atividade sexual. Houve um grande número de pessoas infectadas no mundo, em todos os continentes, na Europa, nas Américas, Estados Unidos e no Brasil. Os casos diminuíram ao final de 2023, mas em 2024 já se nota um aumento da Mpox.
Aumento na transmissão
O infectologista explica que a OMS soltou um comunicado internacional porque em alguns países da África, principalmente na República Democrática do Congo, houve um aumento da transmissão e de caso por Mpox da variante clado 1. “Essa transmissão vem crescendo numa velocidade mais alta do que foi observado outras vezes e atingiu alguns países vizinhos. Por esse motivo, o alerta foi emitido, uma vez que se reconhece a importância de risco de transmissão da doença e a necessidade de que os países afetados implementem medidas de controle.
“O alerta também é importante para estruturar uma rede de vigilância em relação a possíveis casos que possam sair dessas localizações e passar a circular em outros países.”
Lopes destaca que quem contrai a doença apresenta diversos sintomas. “Este é um vírus que causa lesões como se fossem bolhinhas no local de inoculação do primeiro contato. Depois de alguns dias, há febre e novamente novas vesículas, bolinhas pelo corpo inteiro, que vão progredir para pústulas de pus e eventualmente vão furar, formando ali uma área de casquinha, uma crosta. Não existe um tratamento específico para essa doença, mas existe uma vacina parecida com a da varíola que as pessoas mais velhas tomaram e que gera uma proteção em torno de 70%, mas há casos que podem chegar a óbito. Por esse motivo, é muito importante as pessoas estarem alertas aos sintomas, que podem surgir num período de até três semanas após o contato com pessoas infectadas. Caso isso aconteça, é preciso procurar assistência médica para tentar fazer o diagnóstico de Mpox.”
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