Obesidade de jovens e crianças chega a números alarmantes no País

Para médico, novo hábito deve ser incentivado na escola, com crianças como agentes de saúde de suas famílias

 10/07/2018 - Publicado há 6 anos

jorusp

A obesidade em jovens entre 18 e 24 anos nos últimos dez anos cresceu 110%. Por essa razão, até 2019, o Ministério da Saúde pretende reduzir o consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% na população adulta, e ampliar em cerca de 18% o porcentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente. Para entender melhor esse fenômeno, o Jornal da USP no Ar conversou com o doutor Eduardo Aratangy, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

Segundo Aratangy, os principais fatores para esses números alarmantes são a mudança na dieta populacional e a baixa taxa de atividade física. Mas acredita que a tendência da obesidade também é determinada geneticamente, pois ela tem um aspecto evolutivo, já que nossa espécie sobreviveu em um sistema de escassez alimentar.

Além desses fatores, nos últimos 30 anos, houve uma transição nutricional, o que fez com que a desnutrição passasse a não ser mais um problema grave, sendo substituída pela obesidade. Isso acontece por causa dos alimentos, hoje, terem preços mais acessíveis, mas que consequentemente possuem um índice de qualidade nutricional abaixo do desejável. Aratangy também comenta sobre a evolução tecnológica que facilitou a vida cotidiana mas que contribuiu para o sedentarismo, outro fator que colabora para o alto índice de obesidade.

Para o psiquiatra, o número da obesidade infantil surpreende desde a década de 1990, quando ultrapassou os casos de obesidade em pessoas adultas. No entanto, há um paradoxo interessante porque se notou que quanto mais obeso, mais pobre é o indivíduo. Entretanto, é um fenômeno mundial. Exemplo disso foi notado, em 2005, no México, onde já havia proporcionalmente mais obesos do que nos EUA e o Brasil poderá ser o próximo.

A principal solução para isso, de acordo com Aratangy, é se espelhar no combate ao tabagismo. Assim como o cigarro, taxar e deixar mais caros alimentos pouco nutritivos. Para o doutor, será necessário conscientizar as novas gerações da importância do consumo saudável. Dessa forma, e pensando a curto prazo, deveria haver um incentivo ao ensino nas escolas para fazer com que as crianças sejam os agentes de saúde de suas próprias famílias.

Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.

Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93,7, em Ribeirão Preto FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima.


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