O nervo mediano inerva quase todos os músculos flexores do antebraço

Tem função também de inervação sensitiva de grande parte da pele da face palmar da mão e do polegar, indicador, dedo médio e parte lateral do dedo anelar

 03/12/2018 - Publicado há 5 anos
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Nesta edição do Anatomia Responde, o professor Luis Fernando Tirapelli descreve a importante sintopia localizada no segmento membro superior: a relação anatômica da passagem do nervo mediano no túnel do carpo.

O nervo mediano representa um dos ramos terminais do plexo braquial (um conjunto de nervos que inervam, ou seja, comunicam atividade motriz principalmente ao membro superior) com origem dos fascículos medial e lateral. Esse nervo é responsável pela inervação da maioria dos músculos do compartimento anterior do antebraço (chamado de compartimento flexor-pronador) e ao chegar ao punho, passa em direção à mão para inervar também alguns músculos classificados como intrínsecos da mão, como, por exemplo, os músculos da região tênar (três músculos localizados na elevação encontrada abaixo do nosso polegar) e o 1 e 2 músculos lumbricais (pequenos e longos músculos localizados entre a mão e os dedos). O nervo mediano possui também uma importante função na inervação sensitiva para grande parte da pele da face palmar da mão e a pele do polegar, indicador, dedo médio e parte lateral do dedo anelar.

O nervo mediano, ao atravessar o punho, passa em direção à mão entre os tendões de alguns músculos: os quatro tendões do músculo flexor superficial dos dedos, os quatro tendões do músculo flexor profundo dos dedos e o tendão único do músculo flexor longo do polegar, em uma região denominada túnel do carpo. Esse túnel representa uma passagem osteofibrosa formada pelas faces anteriores côncavas dos ossos do carpo ou do nosso punho e pelo retináculo dos músculos flexores, uma faixa de tecido que protege e contém a movimentação dos tendões musculares.

Assim, nos casos de compressão do nervo mediano no túnel do carpo, são observados alguns sinais e sintomas típicos como: 1) déficits sensoriais ou perda parcial no território de inervação da face palmar da mão e nos dedos descritos anteriormente, assim como dor noturna; e 2) déficits motores como a redução da força de pinça e movimento do polegar prejudicado (perda da força nos músculos tenares, localizados abaixo do polegar).

São várias as possíveis causas dessa síndrome, como: 1) pelo edema do tecido adjacente ou dentro do túnel ou por bandas de tecido fibroso que se formam na face palmar do punho; 2) por diabetes; e 3) por artrite reumatoide, entre outras causas. Também estão em risco pessoas cujas atividades profissionais exijam movimentos de esforço repetitivo com os pulsos estendidos, como utilizar uma chave de fenda. Outro fator em potencial é o uso do teclado do computador quando não estiver posicionado adequadamente. A exposição prolongada a vibrações (por exemplo, ao utilizar certas ferramentas elétricas) também é tida como causa da síndrome do túnel do carpo. Porém, a maioria dos casos se desenvolve por causas desconhecidas.

Independente da causa, o tratamento para a síndrome do túnel do carpo leva em conta principalmente a gravidade da doença. Se for leve, indica-se a colocação de uma órtese para imobilizar o pulso e o uso de anti-inflamatório, assim como o trabalho fisioterápico específico. Contudo, esgotadas as possibilidades de tratamento clínico, é indicada a cirurgia: a liberação do túnel carpal para aliviar a pressão sobre o nervo mediano.

O boletim Anatomia Responde é produzido pelo professor Luis Fernando Tirapelli, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, e pode ser conferido na íntegra no áudio acima.


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