Os crimes violentos sofreram uma queda de 11% em 71% dos municípios paulistas, em comparação com o primeiro semestre do ano passado. No entanto, nos municípios restantes (29%), os casos de violência aumentaram. O Índice de Exposição a Crimes Violentos (IECV), elaborado pelo Instituto Sou da Paz, analisou dados dos municípios do Estado de São Paulo com mais de 50 mil habitantes.
Sobre o quadro apresentado pela pesquisa, a socióloga Giane Silvestre, pesquisadora de pós-doutorado no Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, afirma não ser possível caracterizar um único motivo para a diminuição dos crimes em alguns casos e o aumento em outros. Isso porque, segundo ela, múltiplos são os fatores que interferem na dinâmica criminal e nas políticas públicas assumidas pelos municípios para a área da segurança pública.
Ela afirma, apesar disso, que a pandemia da covid-19 e o isolamento social impactaram em parte significativa o número de crimes, na medida em que a circulação de pessoas pelas cidades muda de configuração. Em relação aos crimes patrimoniais, de roubo e furto, a pandemia afetou diretamente na sua diminuição. “Houve um impacto na circulação de pessoas e, portanto, na circulação de bens”, explica.
“Já assassinatos, homicídios, eles apresentam uma dinâmica diferente, por serem influenciados por outros fatores. Boa parte dos homicídios, por exemplo, acontece em razão de relações interpessoais já existentes, por conta de disputas de territórios nos casos de tráfico de drogas.” Além disso, o fato de muitos policiais terem de ser afastados por pertencerem aos grupos de risco, por exemplo, pode ter contribuído para uma diminuição do policiamento, o que, segundo Giane, diminui a ostensividade e o caráter preventivo das polícias em determinados locais.
A pesquisadora indica que o índice elaborado pelo Instituto Sou da Paz é bastante específico, considerando crimes violentos, roubos, estupros, homicídios e latrocínios. Para ela, o indicador inova ao tomar os municípios como base para seus estudos. “Apesar de pensarmos muito na atuação do governo estadual, que tem, de certa forma, mais prerrogativas nas políticas de segurança pública, os municípios possuem um papel fundamental no combate à violência – especialmente em um ano de eleições”, aponta Giane.
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