Novo medicamento para hemofilia requer menos aplicações

Remédio é destinado ao grupo que sofre de hemofilia tipo A e desenvolve um inibidor ao tratamento tradicional

 05/11/2018 - Publicado há 5 anos
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jorusp

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o medicamento Hemcibra (emicizumabe) para o tratamento da hemofilia A. O remédio deverá ser utilizado por pessoas que desenvolveram inibidores contra o fator de coagulação, um distúrbio hereditário que afeta o sistema de coagulação e faz com que os pacientes tenham dificuldade de estancar sangramentos espontâneos ou causados por traumas. Paula Ribeiro Villaça, médica da Fundação Pró-Sangue, especialista em Hematologia do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, falou sobre o novo tratamento.

A hemofilia decorre da falta de um fator de coagulação do sangue. Por não coagular adequadamente, o paciente tem tendência a ter sangramentos, sobretudo dentro das articulações e nos músculos. Há dois tipos de hemofilia. O tipo A, que decorre da falta de coagulação do fator 8 de coagulação, e o tipo B, que decorre da falta do fator 9. A hemofilia tipo A é a mais frequente, ocorrendo em 80% dos casos. O tratamento da doença se baseia na reposição do fator deficiente, que vem num pó diluível injetado via intravenosa. Entretanto, 30% dos que possuem a hemofilia tipo A em sua forma grave desenvolvem um inibidor que irá destruir o fator. Então, é necessário usar um outro tipo de fator, conhecido como fator de ponte.

Foto: Visual Hunt / CC BY-ND

 

O medicamento lançado é para esse grupo de pacientes que possue hemofilia tipo A e desenvolve inibidor.  Segundo a médica, o primeiro diferencial do novo produto é que ele é de aplicação subcutânea, ao invés de intravenoso e aplicado uma vez por semana. A aplicação intravenosa acontece três vezes por semana. O Hemcibra se mostrou muito eficaz, levando à redução de 87% dos casos hemorrágicos nos novos pacientes.

A médica explica que há um programa do governo federal de Coagulopatias Hereditárias e todos os pacientes que tenham alguma doença que decorra de deficiência do fator de coagulação congênito possuem cadastro nesse registro. O Ministério da Saúde adquire tratamento para todos esses pacientes. Quando o novo medicamento estiver disponível no programa de tratamento, as pessoas terão acesso.

A especialista esclarece ainda que a transfusão de sangue não é mais utilizada para o tratamento da hemofilia. Há concentrados de fator que são hemoderivados, fabricados a partir da doação de plasma, mas trabalhados industrialmente e inativados contra os vírus transmitidos. Segundo Paula, há mais de 20 anos não existe relato de contaminação viral pelo uso de concentrado de fator.

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