Noventa por cento dos casos de AVC poderiam ser evitados com prevenção

Neurologista alerta que a hipertensão é considerada a “vilã” nos casos de AVC e deve ter controle médico

 06/11/2018 - Publicado há 5 anos

jorusp

Logo da Rádio USP

O acidente vascular cerebral (AVC) ou derrame cerebral mata mais de 100 mil pessoas por ano no Brasil. O AVC caracteriza-se pelo entupimento de uma veia ou uma artéria dentro do cérebro, dificultando a passagem do sangue. Segundo o Ministério da Saúde, a doença é o motivo mais comum de morte na população adulta no Brasil. O AVC tem tratamento, mas deve ser prevenido, evitando os fatores de risco. O atendimento rápido, logo depois dos primeiros sintomas, é fundamental para diminuir as consequências do AVC, como sequelas neurológicas e incapacidade funcional. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, Adriana Bastos Conforto, neurologista do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, falou sobre o AVC.

Segundo a médica, ainda há dificuldade do controle dos fatores de risco e do conhecimento da população sobre a importância das medidas de prevenção.  A hipertensão é considerada a “vilã” nos casos de AVC e deve ser controlada com rigoroso acompanhamento médico. Além disso, há outras medidas como não fumar, controlar peso, ter uma dieta saudável, saber se tem diabetes e controlá-lo, buscar doenças no coração, realizar atividade física, controlar o colesterol e não usar álcool em excesso. “Noventa por cento dos casos poderiam ser evitados se as medidas de prevenção fossem instituídas de forma mais eficaz”, afirma.

Foto: Visual Hunt / CC BY-NC-SA

É muito importante saber reconhecer os sintomas: fraqueza em um lado do corpo, boca torta, dificuldade para falar e enxergar, tontura, ter formigamento ou dor de cabeça muito forte. Em caso desses sintomas, o ideal é chamar o SAMU (192). Será necessário tomografia e a avaliação neurológica, portanto, um posto de saúde não vai ajudar. Quanto mais rápido o atendimento e o tratamento, menores serão as sequelas. A cada minuto, perde-se 1 milhão e 900 mil neurônios no AVC isquêmico, que é causado pela falta de sangue em uma área do cérebro por conta da obstrução de uma artéria. “Isso acaba tendo uma consequência drástica para a vida daquela pessoa e da família”, explica Adriana.

No AVC hemorrágico, que é quando tem vazamento de sangue, apesar de menos comum, também gera menos capacidade e também carece de rápido tratamento.

A especialista explica que o lugar ideal para fazer tratamento nos primeiros dias após um AVC é uma Unidade do AVC, local especializado com pessoas treinadas especificamente para ter esse cuidado. Lá, será iniciada a reabilitação com fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, tudo para tentar facilitar a reorganização das áreas do cérebro que não foram afetadas pela doença.

De acordo com a doutora, outro passo importante é tentar descobrir por que o AVC aconteceu. Se foi um AVC isquêmico, busca-se entender se foi causado por um coágulo que veio do coração, o que vai requerer um tipo de tratamento, ou se foi causado por uma placa na artéria carótida, que vai requerer uma cirurgia ou cateterismo. “São vários exames feitos com o objetivo de definir qual o melhor tratamento, remédio e intervenção para evitar um novo AVC que pode causar mais sequelas ou morte”.


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.