A Diretoria e o conjunto de professores, técnicos e funcionários do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo vêm expressar o seu mais profundo pesar pelo incêndio do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, ocorrido na noite de 2 de setembro de 2018. A perda de patrimônio não só brasileiro, mas de toda a humanidade, decorrente do desastre, será sentida por gerações. Sem deixar de render homenagem aos estadistas, pesquisadores e técnicos que, desde 1818, dedicaram-se à formação, preservação e estudo do acervo perdido, o IEB-USP solidariza-se não só com a Diretoria e todos os pesquisadores, técnicos e funcionários do Museu Nacional, que acabam de ter suas vidas profissionais em grande parte prejudicadas ou mesmo destruídas, mas também com as inúmeras instituições públicas de guarda – museus, bibliotecas, arquivos etc. – que, Brasil afora, vêm enfrentando situações dramáticas, decorrentes dos cortes de verbas e de funcionários ao longo dos anos. Em vista da tragédia, faz-se necessário esclarecer a opinião pública que os investimentos do Estado na preservação do patrimônio cultural e científico, proporcionalmente pequenos, não são, de forma alguma, capazes de levar o País ao desequilíbrio orçamentário. Pelo contrário, tais investimentos podem constituir uma das saídas mais racionais para a alavancagem de nossa economia e sociedade, colaborando para a educação, a inovação tecnológica, a indústria cultural, o bem-estar social e o turismo. Sendo assim, é absolutamente urgente que as políticas de contenção vigentes no Brasil de hoje sejam revistas e transformadas – sendo mesmo necessária a elaboração de um plano urgente de salvação de acervos e instituições – sob pena de corrermos o risco de continuarmos a ver grande parte dos acervos que constituem nosso patrimônio cultural e científico transmutar-se em cinzas.
Prof. Dr. Paulo Teixeira Iumatti
Vice-diretor do IEB-USP, no exercício da Direção