Na maior parte das vezes, os abusadores são pessoas próximas da vítima - Foto: Reprodução/Rawpixel

No combate à violência sexual infantil é necessário o engajamento de toda a sociedade

Juliana Martins Monteiro explica como identificar sinais de violência e indica meios para denunciar e pedir ajuda para esse grave problema social

 25/05/2022 - Publicado há 2 anos

Texto: Redação

Arte: Adrielly Kilryann

 

O Instituto da Criança e do Adolescente (ICr) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP está promovendo a campanha Seja a Voz de Uma Criança, que prega a conscientização da exploração sexual e do abuso infantil neste mês dedicado ao tema, o Maio Laranja. Os números do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) dão a dimensão do problema: mais de 74 mil crianças e adolescentes foram vítimas de estupro ou de outra forma de exploração sexual entre 2019 e 2021 no País, uma média de três casos por hora. 

Para o Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Juliana Martins Monteiro, responsável pelo Grupo de Violência Infantojuvenil (Gravi) do ICr, chama a atenção para a importância do engajamento de toda a sociedade no combate à violência sexual infantil. “Nós sabemos que [esse dado do FBSP] é a ponta do iceberg. Muitos casos não são notificados, por isso é importante falar sobre o assunto e conscientizar e educar a população para que a gente saiba como identificar e agir.”

Outro dado relevante da violência sexual infantil é que, na maior parte das vezes, os abusadores são pessoas próximas da vítima: “86% dos casos de violência são praticados por pessoas do convívio direto das crianças e dos adolescentes”, afirma Juliana. Alguns dos sinais físicos da violência são marcas ou alterações na área genital, como lesões, inflamações, hemorragias, corrimento e infecções sexualmente transmissíveis. Problemas gastrointestinais, como diarreia e constipação, são outras consequências possíveis.

Juliana Martins Monteiro - Foto: Reprodução/FAPESP

Juliana Martins Monteiro - Foto: Reprodução/FAPESP

Mudanças no comportamento também podem ser resultado de um abuso. “Um comportamento mais sexualizado, ou brincadeiras sexuais inapropriadas para a idade”, explica Juliana. “A gente também pode encontrar crianças que eram mais tranquilas e passam a ter um comportamento mais agressivo, ou, ao contrário, crianças que se tornam mais retraídas.” Baixo rendimento escolar e problemas para dormir são outros sinais. “Tem que estar atento a tudo”, alerta Juliana.

Foto: Reprodução/Pixabay

O que fazer

Caso você suspeite de algo, uma opção de canal de denúncia é o disque 100, de ligação gratuita e anônima, atendendo 24h por dia, inclusive nos finais de semana e feriados, para a população em geral. Os profissionais da área de educação têm um canal exclusivo de denúncia: o disque 1510. 

“O mais importante é não se calar, seja por medo ou tabu envolvendo esses problemas. O Instituto da Criança colocou o logo Não Se Cale. Seja a Voz de Uma Criança para tentar engajar a sociedade. É papel de todos nós a proteção das nossas crianças e adolescentes.” Juliana recomenda buscar a Unidade Básica de Saúde (UBS) ou o pediatra da criança para que ela tenha acesso ao cuidado médico e psicológico. As próprias crianças e os adolescentes também podem denunciar pelo aplicativo Sabe, do governo federal. 


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