Blog

Olhar a cidade e as políticas públicas na perspectiva do cidadão nos revela questões não tão óbvias. Situações mais agudas nas quais as vidas das pessoas estão diretamente influenciadas, a exemplo de um buraco na rua de casa, naturalmente chamam atenção. Mas, viver em uma metrópole como São Paulo, com 22 milhões, tem prós e contras muito mais complexos para seus habitantes.

Essas discussões serão o tema da nova coluna de Nabil Bonduki, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, ex-Secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente e atualmente vereador na capital. O urbanista foi o relator do Plano Diretor de São Paulo.

“Tratar de temas do cotidiano das cidades: transporte coletivo e mobilidade como um todo, bicicleta, pedestres; problemas ambientais, poluição; desafios que pessoas enfrentam na questão da moradia. Tudo isso sob o enfoque do cidadão”, explica Bonduki ao Jornal da USP no Ar. Ele ressalta que um ambiente urbano das dimensões de São Paulo proporciona experiências únicas, porém problemas sérios, também.

“Como o cidadão enxerga seus problemas? Como vê as vantagens de morar na cidade?”, questiona o urbanista. A proposta é fazer uma reflexão interdisciplinar. O morador de São Paulo é afetado positiva e negativamente por esses aspectos de maneira conjunta, de acordo com o docente. “Não dá pra separarmos a questão da moradia, da mobilidade, do meio ambiente. São relações muito fortes”, salienta.

Para Bonduki, a participação do cidadão pode mudar as coisas. “Só que não é fácil participar. Àqueles que trabalham o dia inteiro, têm família, filhos para cuidar e ainda bancar a própria sobrevivência, ganhar o dia a dia não é nada fácil”. O professor conta que participa de movimentos desde que era estudante da FAU, mas entende que às vezes o cidadão não consegue estar presente em todos esses espaços. Contudo, deixa um convite: “Nessas dificuldades é hora de se levantar”.