Modelo de sala de aula imersiva da Poli explora o formato híbrido de aprendizagem

O professor Antonio Carlos Seabra destaca as diversas possibilidades proporcionadas aos alunos e professores a partir da tecnologia

 23/05/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 25/05/2022 as 9:14
O modelo de sala de aula imersiva teve que ser pensado de forma rápida – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

 

 

Modelo de sala de aula imersiva desenvolvido pela Escola Politécnica aproveita conhecimento adquirido durante o ensino remoto imposto pela pandemia de covid-19 para aprimorar as possibilidades de aprendizagem. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o coordenador do projeto, Antonio Carlos Seabra, professor do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos da Escola Politécnica da USP, discorre sobre o modelo.

Antonio Carlos Seabra – Foto: Poli

A pandemia alterou para sempre as dinâmicas relacionadas ao trabalho, à aprendizagem e às relações pessoais. Um dos exemplos mais claros foi a aceleração das mudanças no formato do ensino, sobretudo no Brasil, que vinha sendo apresentado aos poucos ao modelo remoto, como relata o professor: “Foi um processo contínuo e de longos anos. Para mim, ele iniciou quando eu comecei a utilizar vídeos nas minhas aulas lá em 2006 e um momento marcante foi em 2014, quando o Fundo Patrimonial Amigos da Poli financiou um projeto chamado Unidades Móveis para Produção de Aulas Digitais’, onde eu pude exercitar várias ferramentas de maneira sistemática nas disciplinas e também estimular outros professores a fazer o mesmo”.

Em 2018, um projeto de modernização do ensino de graduação, patrocinado pelo Conselho Nacional de Educação e pela Embaixada Americana, contemplou a Poli e permitiu o melhor desenvolvimento das tecnologias. “A gente passou a interagir sistematicamente com especialistas dos Estados Unidos e também a fazer viagens voltadas à educação e engenharia. Com isso, a gente teve bastante contato com as metodologias de ensino de aprendizagem moderna e também com ferramentas de última geração”, conta Seabra.

O modelo de sala de aula imersiva teve que ser pensado de forma rápida, comenta o professor: “Em 2020, 2021, estávamos em pleno período de pandemia e de novo uma surpresa: a USP proporcionou à Poli uma verba da Codage (Coordenadoria de Administração Geral), onde a gente teve uma semana para elaborar um projeto e enviar. Esse projeto foi aprovado e a nossa expectativa era termos os primeiros demonstradores no segundo semestre de 2022. Mas aí houve a melhor de todas as notícias, o nosso novo reitor da USP, o professor Carlotti, nos desafiou a montar uma sala dessas em um mês e meio e nos ofereceu recursos ágeis para fazer isso. A gente cumpriu”.

Carlos Gilberto Carlotti Junior e Antonio Carlos Seabra – Foto: Marcos Santos

Ensino híbrido

O sistema é híbrido porque permite a participação tanto presencial quanto remota no ambiente de aprendizagem. “Do ponto de vista do estudante presencial, ele participa da aula normalmente, seja ela tradicional, utilizando metodologias ativas, ou da forma que o professor estiver conduzindo a aula. Já o estudante remoto participa como fazíamos na pandemia, ou seja, a gente está mesclando as duas ao mesmo tempo. O híbrido se refere ao mesmo tempo, podendo, por exemplo, um aluno remoto falar ou aparecer destacado em uma TV de grande tamanho”, indica Seabra.

O professor aponta diversas possibilidades para os educadores e ressalta como o modelo pode ser inclusivo: “O conceito é permitir que o professor comece a usufruir do ambiente utilizando a lousa e o giz, que é algo que ele está habituado, mas interagindo com o estudante remoto e progressivamente podendo explorar outros recursos. O mantra da gente é manter simples de utilizar o que é sofisticado por natureza. A aula dele também é gravada, inclusive, ela fica disponível para estudantes de outras universidades. Isso também é inclusão, qualquer um pode assistir às aulas da USP, ao vivo ou gravadas, dependendo do interesse do professor e dos estudantes e pode ser feito em grande escala também”.

Seabra ainda exemplifica o funcionamento de uma das salas: “A gente criou um demonstrador onde agregou todas as funcionalidades que são interessantes, mas que muitas vezes não são necessárias. Elas dependem muito do tipo de ambiente que a unidade ou escola resolva adotar. A gente criou um demonstrador aqui na Engenharia Elétrica, que é uma sala grande para 100 alunos, com o pódio digital, com duas TVs de 75 polegadas, uma de 50 polegadas e vários equipamentos, uma mesa digitalizadora, boa qualidade de sistema de áudio, projetor de documentos, tudo comandado pelo próprio pódio de uma maneira relativamente automatizada”.


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