Mídia reflete cultura do “corpo perfeito” e alimenta mercado da boa forma

Segundo pesquisador, o discurso expresso na mídia cria um modelo de beleza irreal que deve ser buscado permanentemente

 30/07/2018 - Publicado há 6 anos
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jorusp

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O caso recente envolvendo a bancária Lilian Calixto, que morreu após procedimento estético realizado pelo médico Denis Furtado, conhecido como doutor Bumbum, nos leva a refletir sobre um sofrimento feminino contemporâneo: a busca por um determinado padrão de imagem corporal. Para entender mais sobre esse fenômeno, o Jornal da USP no Ar conversou com Rodrigo Daniel Sanches, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, doutor em Psicologia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP e pesquisador da imagem do corpo feminino na mídia e no discurso das novas dietas.

Sanches defendeu a tese O sujeito no discurso contemporâneo das dietas: efeitos do novo e da novidade na FFCLRP. Em sua pesquisa alega que historicamente todas as culturas projetam uma imagem de corpo perfeito, o que o torna um fenômeno complexo. Atualmente, no Brasil, a projeção é de um corpo que não deve ter resquícios de gordura.

Os dados mostram que foi denominada a padronização corporal como “corpo projeto”, que precisa ser modificado para ostentar uma beleza inalcançável. Sanches afirma que a mídia produz algo que não existe, porque quando não há aquele corpo as pessoas tentam buscá-lo. Essa procura é sustentada por uma poderosa indústria da beleza.

Durante quatro anos, ele observou revistas e sites autointitulados “boa forma e vida saudável” que determinavam um padrão corporal inatingível de extrema magreza, barriga sarada, seios e glúteos grandes.

Embora o assunto esteja no auge, Sanches vê o futuro com ânimo. Para ele, já é possível notar algumas modificações mesmo que tímidas na padronização corporal pela mídia. No entanto, acredita que a mudança deve acontecer individualmente e por isso um processo de aceitação é imprescindível.

Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.

Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93,7, em Ribeirão Preto FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima.

 


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