Mesmo com eleições, agenda ambiental não mudará radicalmente

Pedro Luiz Côrtes comenta que, caso postura de Bolsonaro sobre meio ambiente não mude, relações externas serão afetadas

 20/11/2020 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 30/11/2020 as 11:34
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As eleições brasileiras e estadunidenses chamaram a atenção para os impactos na política ambiental. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental, do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, discute como os resultados eleitorais podem afetar a área ambiental.

Além das tensões com Joe Biden, presidente eleito nos Estados Unidos, “as eleições internas no País sinalizam como se darão as relações exteriores, indicando qual será a postura de Bolsonaro daqui para frente”, de acordo com Côrtes. Nas eleições municipais, os candidatos que se relacionavam ao presidente de alguma forma não obtiveram os votos esperados. Sendo assim, “considerando que Bolsonaro já se coloca como candidato à reeleição, o resultado das urnas poderia significar um sinal de alerta, demandaria uma revisão do posicionamento que vem assumindo”, como explica o professor. Outro indicativo que deve exigir atenção da presidência é o fato de que Donald Trump não foi reeleito.

Com a ausência de vinculação do presidente a um partido político, a interlocução feita por meio de uma coalizão forte poderia ser benéfica para a tentativa de reeleição, mas isso não se verifica no presente momento. Bolsonaro tem prospectado partidos menores, não buscando um contraponto ou aconselhamento, mas apenas uma estrutura partidária que viabilize sua candidatura. Côrtes lembra que um dos principais fatores para que Trump não tenha se reelegido foi a postura adotada no enfrentamento da pandemia, postura essa que é mimetizada pelo chefe do Executivo brasileiro.

Sem intenções de rever suas atitudes, Bolsonaro coloca o País em risco de retaliações econômicas vindas de Joe Biden e também da Europa, principalmente no que se trata da questão da preservação do meio ambiente. “Certamente, o presidente vai reclamar disso e vai utilizar a retórica de que interesses estrangeiros estão de olho nas riquezas da Amazônia, mas, em termos práticos, ele não mudará sua agenda ambiental”, indica o especialista. Ele ainda conclui que, “mesmo com os resultados eleitorais recentes, não é possível prospectar uma mudança na política ambiental brasileira que mude em 180º o rumo que estamos seguindo”, mesmo se houver troca de ministros no início do ano que vem.


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