Mercosul permite redução da alíquota da tarifa de importação do Brasil

Paulo Feldmann explica os impactos da ação na economia e na redução da inflação

 27/07/2022 - Publicado há 2 anos
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Foto: Itamaraty.gov.br

O Mercosul anunciou a homologação da redução de 10% da tarifa de importação do Brasil, a Tarifa Externa Comum. No encontro entre os líderes do bloco também foram tratados a sustentabilidade das finanças públicas no período pós-pandemia e os riscos fiscais dessa porcentagem. Com permissão de manutenção até dezembro de 2023, a medida deve interferir, direta e indiretamente, na inflação brasileira e na indústria nacional.

Professor Paulo Feldmann, da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária

A prática de reduzir os impostos dos produtos importados “traz benefícios temporários porque ela deve ter um impacto na inflação”, clarifica o professor Paulo Feldmann, da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP, ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição. Embora recorrente na política econômica do Brasil, o professor afirma que essa ação traz problemas para a indústria nacional, como o desemprego e o fechamento de elementos do setor.

Os efeitos momentâneos na redução da alíquota preocupam o próximo governo, que terá de administrar os repasses para os estados, mesmo com menor arrecadação fiscal. “Por exemplo, houve aquela redução no ICMS da gasolina. Reduziu-se no Brasil inteiro, isso tem impacto enorme nos governos estaduais, mas esse impacto vai ser sentido no ano que vem, logo no início de 2023”, ilustra o professor Feldmann. O ICMS está ligado aos preços dos serviços de comunicações, energia elétrica, gás natural e transporte público.

Impacto internacional

Além disso, a guerra na Ucrânia e os resquícios da crise econômica mundial, originada na pandemia, atingem as finanças públicas. Sobre a participação da China, dos Estados Unidos e da Europa, Feldmann comenta: “Os três principais players econômicos mundiais estão reduzindo o seu ritmo e estão com inflação [alta]. Então, não tenha dúvida, isso vai repercutir no Brasil e com muita intensidade”. Esses núcleos são os principais importadores de commodities brasileiros, o carro-chefe na economia do País, e variações nos preços e demandas afetam o comércio exterior.

Os recentes acréscimos da taxa de juros nos Estados Unidos são sinônimos da desvalorização do real em relação ao dólar. O aumento no valor da moeda americana nas transações comerciais dita a retirada das aplicações dos investidores internacionais e, para o professor, “não é impossível que a conversão [do dólar] vá para seis [reais] até o final do ano”. Ele ainda considera que não é possível projetar um cenário positivo para o Brasil.


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