Na semana passada, autoridades jordanianas bloquearam o acesso a água e comida em um campo de refugiados sírios, na fronteira: cerca de 70 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças, estão morrendo de sede e fome. A situação política mundial, agravada com o interminável fluxo de refugiados, milhões de pessoas submetidas a condições sub-humanas, atentados praticamente diários, a escalada da violência, gera, além de medo, muita perplexidade.
Os antigos conceitos da filosofia política parecem não dar conta desses fenômenos. De certa forma, a tradição, ao menos a tradição de compreensão do mundo, parece inoperante. Seria a derrocada final da utopia de um mundo mais justo e igualitário, diante da qual nos resta apenas a resignação ou o mergulho em um maremoto de fúria? Provavelmente não: a história é como uma velha senhora que já viu de tudo, cética, mas não desencantada. A verdadeira derrota não são derrotas, mas o amesquinhamento do ânimo.
ouça: