O Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP desenvolve uma pesquisa que busca compreender como crianças e adolescentes formam suas concepções sobre leis e autoridade em virtude do contato com estas. A pesquisa ainda tem como preocupação as possíveis consequências da vivência das crianças com a violência em várias instituições, como a família, a escola, a violência policial, entre outros. Renan Theodoro, pesquisador do NEV e especialista em Sociologia da Violência, falou sobre o estudo.
A pesquisa é longitudinal, ou seja, aborda os mesmos adolescentes durante ao menos três ondas: 2016, 2017 e 2018. Os jovens são de todas as regiões de São Paulo e os dados da primeira onda demonstram que 51% dos adolescentes tiveram como principal vitimização algum parente ou amigo roubado; 5% deles, algum parente ou amigo assassinado e 10%, algum parente ou amigo preso. Também foi observado que a distribuição da vitimização não é igual a partir dos perfis sociais. É mais provável que um estudante de escola pública seja mais exposto à vitimização do que um estudante de escola particular, assim como também é mais provável que um estudante negro tenha mais contato com formas de vitimização se comparado a estudantes brancos. Isso se relaciona com a confiança nas autoridades, que é menor conforme eles tenham passado pela vitimização.
O foco da pesquisa de Renan Theodoro é entender como a convivência com as violações de direito transforma a violência interpessoal numa forma legítima de resolver conflitos. Ele explica ainda que a autoridade é legitimada quando o agente de autoridade se comporta de maneira clara e respeitosa, demonstrando estar aberto nas relações, o que, consequentemente, evita a violência. A solução, que só acontecerá a longo prazo, é mudar de forma significativa a maneira como se exerce poder nas relações.
Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados (IEA), Faculdade de Medicina (FMUSP) e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.
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