O Ambiente É o Meio desta semana conversa com a professora Maria de Fátima Andrade, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, sobre a queda nos níveis de poluição atmosférica após o isolamento social em São Paulo.
A professora conta que, nas primeiras semanas do isolamento social, as estações meteorológicas registraram redução de 70% nos níveis de gases tóxicos encontrados na atmosfera da cidade. Diz que essa queda está diretamente ligada à diminuição do tráfego de veículos, principais emissores de monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio.
Segundo Maria de Fátima, artigos científicos têm mostrado que a concentração de casos graves de covid- 19 estão em regiões com maiores índices de poluição. “É como se as pessoas que vivem em regiões poluídas fumassem. O pulmão está sempre sujeito a poluentes e fatores que prejudicam a saúde. Quando tem uma doença que pode afetar o sistema respiratório, para elas o efeito é maior”, afirma.
Para a professora, a queda nos níveis de poluição, que está acontecendo agora, comprova a necessidade de investimentos em transportes limpos, como o ônibus elétrico, mas diz que a possível solução não é bem-vista pelo âmbito econômico. “Apesar de as pessoas terem entendido o quanto temos ganhado, a questão econômica não leva em consideração o ganho, como, por exemplo, na questão da saúde. Ela considera isso como uma despesa, quando, na verdade, a longo prazo, isso também é um ganho.”