Investimento tecnológico não pode ser acompanhado de antigas práticas

Marcelo Batista Nery diz que a tecnologia em política pública deve se adequar às várias realidades de São Paulo

 17/09/2019 - Publicado há 5 anos     Atualizado: 18/09/2019 as 10:47
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O Connected Smart Cities, que está na quarta edição, envolve empresas, entidades e governos em uma plataforma que tem por missão encontrar o DNA de inovação e melhorias para cidades mais inteligentes e conectadas, sejam elas pequenas ou megacidades. Pesquisadores do IEA do Projeto Cidades Globais participam do evento. Em uma das mesas  será abordada a questão da segurança intraurbana: soluções técnicas e tecnológicas.

O professor Marcelo Batista Nery, pesquisador no projeto e coordenador de Transferência e Tecnologia do Núcleo de Estudos da Violência (NEV), fala da relação entre inovações tecnológicas, segurança pública e políticas urbanas, sob a perspectiva de São Paulo. “Dentro da capital, existem várias São Paulos. Uma, muito próxima do 5g, da internet das coisas e pujante do ponto de vista econômico. Mas, há aquela cidade rural. Outra, com baixa infraestrutura urbana e saneamento deficiente. O primeiro passo é considerar em que contexto essa será aplicada”, explica ao Jornal da USP no Ar.

Para Nery, a abordagem da Secretaria de Segurança Pública é um bom exemplo. O Infocrim, que é o sistema de formação digital, no qual os boletins de ocorrência são registrados. O Fotocrim, um programa com fotografias de criminosos. O Ômega unifica algumas das principais bases de dados, como os registros do Detran e da delegacia eletrônica. O Detecta, que monitora crimes também. As viaturas têm tablets, os policiais câmeras de lapela. “Tudo isso já está disponível, ou sob testes”, alega o especialista.

O pesquisador ressalta a necessidade de uma abordagem humanizada no uso de qualquer tecnologia, sobretudo se aplicada a políticas públicas. “Uma das primeiras ideias que vêm à mente é colocar gás lacrimogêneo em drones para dispersar manifestações sociais. Investimento em tecnologia não pode ser acompanhado de antigas práticas”, declara.

Além disso, ele indica que a heterogeneidade da cidade pode acarretar dados enganosos. “Tem viés espacial, por exemplo. A qualidade da informação varia nos diferentes espaços da cidade”, diz. Segundo o especialista, há lugares que não são violentos de acordo com os dados, mas que tem um grave histórico de violência. “Por quê? Naquela localidade não tem registro, distorcendo a realidade”, esclarece.

Com consciência desses desafios, o Connected Smart Cities abordará o uso da tecnologia para políticas urbanas não só no prisma da segurança. Cidades humanas e sustentáveis; internet das coisas; marcos regulatórios; a relação entre inovação e as transformações do ambiente urbano; qualidade do ar e mobilidade urbana; planejamento urbano; mudanças climáticas; qualidade ambiental urbana serão assuntos discutidos. Especialistas como Tatiana Tucunduva, Jamile Sabatini, Débora Souto, Júlio Siqueto e Ivan Carlos estarão presentes. Para mais informações, acesse esse site.


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