As ilusões de ótica despertam curiosidade, trabalham uma área lúdica do cérebro e são, na realidade, bem simples. Com variações e nuances, indo desde a composição das formas até o uso de cores, elas são uma combinação de fatores físicos e culturais que conseguem enganar o sistema visual humano. A repórter Fernanda Real conversou com os professores Mikiya Muramatsu e Marcelo Fernandes Costa que apresentam novos olhares sobre as ilusões de ótica.
O professor Marcelo Fernandes Costa, do Instituto de Psicologia da USP, diz que, devido à interação do olho com o meio ambiente é que são construídas as ilusões, justamente por isso, são várias as razões físicas para que isso ocorra. “Nós temos os cinco sentidos, e o olho é um dos mais importantes no sentido de pegar informações do mundo exterior”, observa o professor.
Complementando a explicação, Costa ressalta que são vários os níveis de ilusão, algumas “simples e derivadas do processamento sensorial, outras mais complexas, que envolvem o início do processamento da percepção”. Todas elas se dão a partir da maneira como ocorre a organização visual e dos sentidos, mas são decorrentes de um limite funcional do sistema sensorial do cérebro, que acaba distorcendo algumas informações, a fim de compensar esses limites: “As ilusões são decorrência dessas distorções do nosso cérebro, isso a partir do estudo das cores ou a partir da construção de uma figura mais complexa”.
Pelo ponto da vista da física, é a partir da interação “olho – meio ambiente” que o professor Mikiya Muramatsu explica o funcionamento de miragens, como no caso do deserto em que se enxerga um oásis. Este é um caso de sensação de miragem construída a partir das variações de calor em um meio uniforme.
Aplicações no cotidiano
Mas é só um dos exemplos da ilusão de ótica no cotidiano. Somados a fatores culturais, de vivência do espectador e a elementos do meio externo, elas compõem efeitos ilusórios que se estendem a ambientes que nunca imaginaríamos serem ilusões de ótica, passando despercebidos no nosso cotidiano. Elas podem compor a arquitetura, quando organizadas para dar impressão de amplitude no local ou, ainda, dar maior profundidade a partir do uso de cores específicas, e no cinema.
Com essas aplicações, elas podem ser úteis para a construção de elementos na engenharia civil, somente a partir da capacidade do nosso cérebro de “preencher lacunas” encontradas em imagens reais. Essa potencialidade resulta nas ilusões de ótica, figuras do cotidiano que têm o poder de mexer com o imaginário do espectador.
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