O home office não é uma ideia nova e, neste momento de isolamento social, tornou-se uma condição para a flexibilidade do trabalho. Mas essa realidade mostra as dificuldades enfrentadas pelas famílias, já que nem todos podem ficar em casa. A adequação para a atuação dentro da residência mostra muitas dificuldades para se adaptar às mudanças psicológicas e do espaço físico para o desenvolvimento das atividades. A professora Heliani Berlato, do Departamento de Economia, Administração e Sociologia e coordenadora do Grupo de Estudos de Carreira, Organizações e Pessoas (Geocop) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da USP, destaca que “a maioria dos grandes executivos e lideranças diz que não há uma fórmula para agir, já que nós nunca vivemos esse cenário. O home office surge como a alternativa mais palpável diante dessa realidade”.
A desigualdade social se destaca e afeta de forma diferente cada grupo. A professora Heliani explica que, “quando se fala do mundo corporativo, é necessário pensar para qual esfera eu estou olhando, qual recorte eu estou tendo. Pensar os grupos, as profissões… a pandemia está abrindo um olhar para tudo isso, e cada vez mais mostra a urgência de se conhecer os segmentos e as pessoas dentro dele. O fator humano é essencial e resguardá-lo é importante”.
Heliani Berlato também realça que a proximidade com a família pode ser vista de forma romantizada. “Eu acredito que talvez a gente caminhe para uma romantização de algo que tem uma conotação muito mais de isolamento, de trabalho. A meu ver, tendemos a romantizar uma situação que de romântica não tem nada. Porque eu posso estar trabalhando em casa, achar que estou próxima da minha família, dos meus filhos, mas eu não tenho condições de ficar muito tempo com eles.”