HC possui serviço especializado em doenças adquiridas em viagens

Aluisio Segurado esclarece que o serviço é pouco conhecido mas de muita utilidade para quem realiza viagens, nacionais e internacionais

 30/09/2019 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 02/10/2019 as 6:43

Oferecido pelo Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, o Ambulatório de Medicina dos Viajantes, ligado ao Departamento de Moléstias Infecciosas, é um serviço pouco conhecido e de muita utilidade para quem realizada viagens, nacionais e internacionais. Os especialistas do ambulatório transmitem informações essenciais sobre as principais doenças dos países que serão visitados e orientações sobre vacinas. O viajante conta com atendimento individual e é vacinado, se necessário. Das orientações prestadas pelos médicos, são destaque as doenças transmitidas por água e alimento, picada de mosquito, acidente com animais que podem transmitir raiva, acidente com animais peçonhentos, violência urbana e até cuidados durante o voo para a prevenção de trombose venosa. A entrevista faz parte da série especial sobre a contribuição da Medicina USP para a sociedade, que o Jornal da USP no Ar  vem apresentando na Rádio USP.

Por conta da necessidade de dar uma orientação específica para o viajante em relação ao risco de aquisição de doenças, eventualmente é feito atendimento após o retorno da viagem, quando o viajante não se sente bem ao voltar para casa. “Desde tempos históricos, sabe-se da possibilidade de transmissão de agentes infecciosos com a migração das populações. Isso aconteceu na Idade Média, na época das Grandes Navegações… e mais recentemente tivemos exemplos claros disso com a epidemia de ebola na África Ocidental e a do zika vírus, trazido do Pacífico às Américas e que depois se expandiu no nosso continente”, comenta o professor Aluisio Augusto Cotrim Segurado, titular do Departamento de Moléstias Infecciosas e Parasitárias e presidente do Conselho Diretor do Instituto Central do Hospital das Clínicas (HC).

O aconselhamento pré-viagem deve ser feito com tempo hábil, cerca de um mês antes, para que as medidas de prevenção tenham efeito. Este vai depender da análise do especialista, a partir de uma série de fatores: o destino do viajante, duração e tipo de viagem e histórico de saúde do viajante são alguns exemplos. Diante disso, é muito importante que o profissional conheça a distribuição de doenças no Brasil e no mundo. O risco não se limita às viagens internacionais, mas existe em qualquer lugar aonde possamos nos deslocar, inclusive no nosso próprio território.

“As recomendações partirão de uma análise conjunta de todos esses riscos. E poderão ser orientadas medidas de proteção individual, como o uso de repelentes, evitar se expor a locais em que há concentração de insetos para evitar doenças transmitidas por vetores, e medidas de proteção para saúde sexual, além da necessidade de vacinas preventivas a depender do destino. Por vezes até alguns medicamentos são necessários nessa prevenção”, afirma Segurado. Dentre as doenças epidêmicas, o professor destaca a febre amarela silvestre e o sarampo.

Ele também alerta sobre doenças não epidêmicas: quadros diarreicos, por exemplo, são muito frequentes. “Geralmente são provocados por infecções bacterianas, mas também podem ser ocasionados por infecções virais, relacionadas com alimentos em condições de higiene inadequadas”, explica o médico, que indica a máxima de ferver, cozinhar e descascar: “Ou seja, na verdade é fazer, nesses ambientes de segurança alimentar desconhecida, uso de alimentos somente fervidos, cozidos e sem casca – porque obviamente no alimento mal cozido ou eventualmente mal lavado, como verduras e frutas, há maior risco de contaminação.”

Outro quadro comum pós-viagem diz respeito a problemas de pele, como o bicho geográfico, algumas micoses superficiais e dermatite por picadas de insetos. E, particularmente na região da Amazônia, casos de malária. Para a última, caso visite esse local e tenha febre após o retorno, é indicado procurar um serviço de diagnóstico rápido da malária, “porque é uma doença fácil de identificar e de tratar, mas que se não reconhecida rápido pode levar a complicações sérias”, alerta Segurado.

O Ambulatório de Medicina do Viajante é gratuito, localizado no Prédio dos Ambulatórios do Hospital das Clínicas (HC) da USP, na Av. Enéias de Carvalho Aguiar, 155, em frente ao Instituto do Coração. O funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 16h. Junto a ele, também atuam o Ambulatório de Diagnóstico da Malária e o Centro de Referência para Vacinas do HC.


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