HC busca voluntários para teste de vacina contra gripe H7N9

Infectologista afirma que Brasil está se preparando para a produção de vacina, caso o vírus se espalhe

 07/01/2019 - Publicado há 5 anos

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Em 2013, um tipo diferente de vírus da gripe contaminou cerca de 1.800 pessoas na China e matou 40% dos infectados. Após estudos, os especialistas constataram que se tratava de um novo vírus que contaminava aves e depois era transmitido aos seres humanos. A nova gripe ganhou o nome de influenza H7N9 e, até o momento, não é transmitida de humano para humano. O setor de Pesquisa Clínica do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) está desenvolvendo um estudo sobre a vacina contra a  gripe aviária.

O vírus é transmitido naturalmente entre os agentes que causam gripes nas aves e que, por conta das migrações,espalha-se pelo mundo. Em alguns episódios ao longo da história, o vírus se adaptou e foi transmitido aos humanos. Nestes casos, a presença dele pode levar a uma epidemia. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, o infectologista Esper Kallás, professor de Imunologia Clínica e Alergia da FMUSP, relembra a gripe espanhola como um exemplo: “No começo do século 20, a gente teve o vírus que passou de aves para os humanos e, quando acontece esse evento, é um grande problema. O organismo humano não está preparado para enfrentar um vírus novo de imediato, ele tem que se adaptar. Naquela época, era o H1N1 e a magnitude daquela epidemia foi impressionante”. O professor Kallás ressalta o exemplo espanhol para chamar a atenção sobre o risco de uma epidemia parecida voltar a ocorrer sem conhecimento prévio.

 

Vacinas – Foto: John Keith/Domínio público via Wikimedia Commons

Por conta dessa preocupação, os organismos mundiais relacionados à saúde realizam frequentes esforços para monitorizar o surgimento de novos tipos de vírus. O infectologista explica sobre a diferença entre os vírus que é colocado na sua própria nomenclatura. “A parte de fora do vírus recebe um nome técnico, hemaglutinina, e que a gente abrevia por H. O segundo pedaço chama-se neuraminidase, abreviado para N. Cada vírus pode ter um tipo diferente de H e N, que os cientistas classificam por números. Os vírus podem modificar essas estruturas.”

Os estudos para a vacina contra o influenza, também chamada dessa forma, são realizados há alguns anos por diversos órgãos, inclusive o setor de Pesquisa Clínica da FMUSP, após o desenvolvimento de uma possível vacina candidata, para se prevenir de uma trágica epidemia. “Caso esse vírus comece a se espalhar, com 40% de mortalidade, será uma tragédia que nunca se viu na história. Vários centros no mundo se preparam para desenvolver uma vacina e um deles é o Instituto Butantan. O instituto entrou em contato conosco para fazer testes. Vários países já fizeram testes e o Brasil  está se preparando com a capacitação do Instituto Butantan para uma produção de vacina, caso o vírus se espalhe”, diz o doutor Kallás.

Para o prosseguimento do projeto, a Faculdade de Medicina está convidando 400 pessoas para participar, através do recebimento de duas doses da vacina, a fim de observar, por meio da coleta de sangue e análise do soro, se o organismo da pessoa desenvolve defesa contra o vírus. Para quem puder participar de forma voluntária, é preciso entrar em contato através do telefone: (11) 2661-7214/2276/3344.  


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