Guerra da Ucrânia atinge novo estágio com ameaças de Vladimir Putin

Pedro Costa Júnior analisa os últimos desdobramentos do conflito a partir das iniciativas tomadas pelo líder russo

 22/09/2022 - Publicado há 2 anos
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Foram enviados entre 150 mil  e 250 mil reservistas às regiões de Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia – Foto: Pixabay
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Sete meses após eclodir a guerra contra a Ucrânia, Vladimir Putin anunciou nesta quarta-feira (21) o dobramento dos esforços militares e reforçou a ameaça nuclear contra o Ocidente. Ao convocar 300 mil reservistas e assegurar a proteção do povo nos territórios ocupados, o presidente russo toma medidas esmagadoras contra seus antagonistas: “Isso não é um blefe”, sinalizou.

O professor Pedro Costa Júnior, de Relações Internacionais e cientista político na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, avalia a decisão de Putin: “Ele se prepara para uma contraofensiva sem limites e esmagadora”. Somado ao envio do corpo militar, o uso de armas nucleares táticas não é descartado pelo chefe de Estado. Apesar do sinal de alerta, o professor explica que, enquanto os armamentos convencionais são aqueles utilizados indiscriminadamente contra populações civis, os táticos têm alvos específicos.

Pedro Donizete da Costa Júnior – Foto: FFLCH-USP

Foram enviados entre 150 mil  e 250 mil reservistas às regiões de Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, diz ele. Contudo, o estágio de estagnação do conflito surpreendeu o governo Putin: “Você pode saber quando a guerra começa, mas não sabe quando ela vai acabar e como vai acabar”. As ações anunciadas têm como objetivo romper a retaguarda ucraniana, que é sustentada pela Otan.

Balança de poder

A “parceria sem-limites”, estabelecida entre China e Rússia no início do ano, coloca fim à ordem hegemônica da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e é vista como uma ameaça pelo Ocidente, na visão do professor. Desde o desmantelamento da União Soviética, a cadeia hierárquica de poder e a ética do sistema internacional eram unipolares, sendo regida pelos Estados Unidos. Em um novo tempo nas relações internacionais, “pela primeira vez, a Eurásia inicia uma guerra na Europa que coloca o Ocidente na defensiva”, comenta Costa Júnior. 

Além disso, ele analisa que a percepção de que a Rússia está desprovida de alianças é “uma falácia” e “completamente descolada da realidade”. Embora as estratégias de guerra russas não tenham se concretizado como o planejamento prévio, a rede de alianças com afegãos, chineses, paquistaneses e turcos evidencia que “nenhuma atitude de Putin agora é isolada ou irracional, no ponto de vista da geopolítica”. 


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