Tanto a Amazônia quanto os diferentes biomas brasileiros têm passado por problemas como desmatamento e queimadas, que ameaçam não só a biodiversidade local como também os investimentos internacionais no País. Nesse sentido, percebe-se uma divergência entre as ações defendidas pelos Ministérios da Economia e do Meio Ambiente.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar, o professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, comenta como a área de negócios poderia planejar uma reação efetiva para esse problema, de forma prática. Ele explica que o setor produtivo tem se preocupado, junto ao ministro Paulo Guedes, com a posição brasileira em relação ao meio ambiente.
É esperado que o Brasil, como grande competidor no mercado de commodities, venha a sofrer algum ataque da concorrência internacional, pois ele consegue colocar produtos de qualidade a preços baixos no mercado, diferente de outros mercados. Côrtes conta que, nos últimos anos, “o que vem acontecendo é a associação dos problemas ambientais à exploração agrícola, mas isso não é verdade, pois a maioria da nossa produção é feita dentro da legalidade. São as exceções que oferecem uma desculpa, de bandeja, para quem deseja prejudicar nossas exportações”.
Além disso, a possibilidade da pressão dos importadores ou direta dos consumidores, em que eles deixariam de consumir produtos brasileiros, também preocupa o governo em relação às exportações. A reversão desses cenários é difícil, segundo o professor, porque “a commoditie se notabiliza por um padrão de qualidade, comum a todos, e a diferenciação se dá no preço final. Nós teríamos condições de promover uma diferenciação de nossos produtos agrícolas e proteínas animais se os exportadores destinassem uma parcela ínfima das exportações para constituir um fundo de preservação ambiental”.
De acordo com o especialista, isso poderia gerar recursos em quantidade similar ao que era destinado pelo Fundo de Proteção Amazônica. A vantagem disso seria a associação dos produtos à preservação ambiental, e não à degradação dos biomas, como acontece hoje. Para colocar isso em prática, Côrtes ressalta que isso poderia partir somente do mercado, e que isso já faria diferença mesmo sem o apoio total do governo. “Seria uma forma de reverter a imagem do Brasil já sedimentada com a ampliação das queimadas na Amazônia e no Pantanal”, diz.
Saiba mais ouvindo a entrevista na íntegra.
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