Fitoterápicos e plantas medicinais ganham espaço como alternativa de tratamento

Segundo o Ministério da Saúde, entre 2013 e 2015 a procura por esses insumos cresceu 161%

 12/07/2016 - Publicado há 8 anos
Camomila - Foto: Wikimedia Commons
Camomila – Foto: Wikimedia Commons

Tomar suco de maracujá para diminuir o estresse ou fazer um chá de camomila para minimizar os problemas digestivos são saberes internalizados na cultura popular brasileira.  As plantas medicinais possuem diversas substâncias ativas que podem ser utilizadas isoladamente ou na forma de fitoterápicos (forma farmacêutica simples, obtida de drogas vegetais). A busca pelos medicamentos fitoterápicos no Sistema Único de Saúde (SUS) está crescendo cada vez mais.  Segundo o Ministério da Saúde, entre 2013 e 2015 a procura por eles cresceu 161%.

De acordo com a professora Elfriede Marianne Bacchi, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, o incentivo ao uso desses produtos é importante, mas essa política tem que ser organizada com cuidado. “A medida é positiva a partir do momento que haja padronização dos fitoterápicos e que suas atividades sejam estudadas clinicamente ou que se tenha uma tradição reconhecida de uso popular e que sua segurança tenha sido comprovada”, explica a professora.

A docente é membro do Comitê Técnico Temático de Apoio à Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira da Anvisa. Neste ano, o grupo lançou o Memento Fitoterápico. “O Memento é um dos Compêndios da Farmacopeia Brasileira e traz as informações que o profissional precisa para avaliar a necessidade de prescrição para o paciente”, destaca a pesquisadora.

O documento possui 28 monografias com informações detalhadas sobre a família, nomenclatura popular e a parte utilizada da planta. Há também contraindicações, precauções de uso, efeitos adversos, interações medicamentosas, vias de administração e posologia. De acordo com o site da Anvisa, deste total, 17 monografias estão na Lista de Plantas Medicinais de Interesse do SUS (Renisus).

Esse momento é muito importante em Unidades Básicas de Saúde e nas Farmácias Vivas, lugares onde se devem realizar etapas como o cultivo, a coleta, o processamento, o armazenamento e a manipulação de plantas medicinais. Elfriede menciona que o prescritor, muitas vezes, não tem todas as informações sobre o vegetal. Assim, esse trabalho auxilia os profissionais a receitarem os medicamentos de forma apropriada para causar o resultado desejado e não ocasionar efeitos colaterais na população. Outro produto implantado pelo comitê é a criação de formulário fitoterápico.  Este contém as formulações de fitoterápicos, com base em dados de serviços de saúde e de pesquisa na literatura.

Para a professora, o uso dos fitoterápicos é problemático quando não se sabe a sua procedência.  Há locais que vendem drogas vegetais irregularmente. Dessa forma, podem conter produtos mal identificados, contaminados por fungos, bactérias ou mesmo pela própria poluição. As pessoas compram essas drogas vegetais, que podem causar intoxicações, efeitos colaterais ou ainda não promover a cura.  
A pesquisadora ainda ressalta que alguns fitoterápicos têm maior toxicidade e só devem ser vendidos sob prescrição médica, tendo assim a necessidade de haver estudos químicos, farmacológicos e clínicos, além de também possuir uma padronização e controle de qualidade desses produtos. Quando se estuda as propriedades terapêuticas de uma planta, geralmente se parte do uso recorrente que a população faz delas. No caso dos maracujás, a sua mais conhecida função é como calmante, porém eles também têm uso digestivo. Essa atividade foi comprovada pelos estudos em laboratório.

Rádio USP

Cresce o uso de fitoterápicos e plantas medicinais como alternativa de tratamento. Segundo o Ministério da Saúde, entre 2013 e 2015 a procura por esses insumos cresceu 161% no SUS.  A professora Elfriede Marianne da Faculdade de Ciências Farmacêutica explica o que são esses medicamentos à repórter da Rádio USP Amanda Oliveira.

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