Tramita no Senado Federal o Projeto de Lei 1.984/19 que torna obrigatória a presença integral do profissional fisioterapeuta nos Centros de Terapia Intensiva neonatais, pediátricos e adultos de hospitais particulares e públicos. O projeto é de autoria da deputada federal Margarete Coelho, do Partido Progressista do Piauí, e alega que o profissional é essencial para a recuperação de pacientes em estado grave.
De acordo com Carolina Fu, docente do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP, o fisioterapeuta faz parte da equipe multidisciplinar de uma unidade de Terapia Intensiva e tem como função a recuperação funcional dos pacientes, devolvendo o funcionamento do sistema respiratório, neurológico e esquelético, tendo como meta final a independência funcional dos pacientes: “O indivíduo que interna numa unidade de terapia intensiva entra de uma maneira muito crítica, muitas vezes entre a vida e a morte e, com o trabalho do fisioterapeuta, esse paciente, na maioria das vezes, sai de forma independente, conseguindo andar e desenvolver suas atividades básicas de vida diária”.
Pacientes em estado grave geralmente necessitam de suporte mecânico para manter a oxigenação. O processo de manuseio dos respiradores é, na maioria das vezes, feito pelo fisioterapeuta, como explica Carolina: “A grande maioria [dos pacientes] que entra na Unidade de Terapia Intensiva acaba desenvolvendo uma insuficiência respiratória e acaba sendo entubada e conectada a um ventilador mecânico. O fisioterapeuta atua desde o início, auxiliando a equipe no manejo do ventilador. O fisioterapeuta ajuda no sentido da recuperação do paciente em relação ao sistema respiratório. A meta naquele momento é tirar o paciente do ventilador, o que a gente chama de desmame, e assim o fisioterapeuta trabalha todo o sistema respiratório e musculoesquelético, no sentido de devolver a autonomia respiratória do paciente”.
Em meio à pandemia, a presença do fisioterapeuta 24h na Terapia Intensiva permite a realização de trabalho contínuo com os pacientes infectados pela covid-19, já que o estado grave da doença leva à necessidade de suporte de respiração mecânica. “Ter o fisioterapeuta 24h é fundamental para a recuperação desses pacientes, principalmente no que diz respeito ao manejo da insuficiência respiratória provocada pela síndrome do desconforto respiratório agudo, que é o que acontece nesses pacientes com covid-19. O fisioterapeuta, junto à equipe médica e com um bom conhecimento de fisiologia, fisiopatologia e a sua relação clínica com a ventilação mecânica, vai conseguir, de maneira eficiente, recuperar o sistema respiratório do paciente e a funcionalidade”, diz a docente. As internações causadas pela covid-19 podem prejudicar a função músculo esquelética dos pacientes e, para recuperar, é necessário trabalho fisioterapêutico contínuo, o que a presença integral do profissional na Terapia Intensiva poderá propiciar.
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