Febre do Nilo chega ao Brasil e põe saúde em alerta

Especialista enfatiza que, por não existir vacina, a única forma de prevenção é evitar a picada do mosquito

 25/06/2018 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 28/06/2018 as 11:58

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Após o registro do primeiro caso de Febre do Nilo Ocidental em cavalos, o Espírito Santo (ES) entrou em estado de atenção para contaminação de humanos, segundo o Núcleo Especial de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). No dia 8 de junho, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento confirmou o primeiro caso da doença no Brasil e recomendando que seja intensificada a vigilância para detecção de animais com sintomas. O professor do Instituto de Medicina Tropical da USP, Expedito José de Albuquerque Luna, conversa com o Jornal da USP no Ar a respeito da doença.

A doença é transmitida por vírus do gênero flavivírus através do mosquito Culex, e atinge, principalmente, as aves. Segundo o professor, 80% dos casos de infecção em humanos são assintomáticos e, nos outros 20%, os sintomas podem variar entre uma doença febril que se resolve por si só até o desenvolvimento de meningite ou encefalite.

Cena do nascimento do mosquito do gênero Culex de uma larva – Foto: Shirokikh124 via Wikimedia Commons / CC BY 4.0

A relação de transmissão da doença se dá a partir da picada do mosquito em uma ave infectada anterior à picada nos seres humanos, ou seja, a quantidade de vírus no sangue humano não é suficiente para que o ser humano infecte o mosquito.

Expedito comenta o caso fatal de encefalite em 2014, no qual foi diagnosticada a presença do vírus no paciente e nos animais da fazenda onde ele morava. Contudo, o vírus foi encontrado a partir de um exame sorológico, que pode demonstrar reações cruzadas, o que deixa dúvidas sobre se a febre foi a causa da morte, diferentemente do caso acontecido no ES, onde foram detectadas partículas do vírus em cavalos.

Por se tratar de uma doença de transmissão vetorial, o professor afirma que, em momentos de epidemia, não há a possibilidade de avaliação laboratorial de todos os casos, fazendo com que o diagnóstico de doenças seja avaliado apenas por seu quadro de sintomas. Assim, como essas epidemias tendem a ter picos próximos, perde-se a oportunidade de avaliar a atuação de novos vírus.

Por falta de vacina contra a doença, o único caminho para prevenção é evitar picadas de mosquitos através do uso de repelentes, telas nas janelas dos domicílios e o uso de mosquiteiros, além do esforço para redução da população de mosquitos.

Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.

Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93,7, em Ribeirão Preto FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima.


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