Esta semana, em reunião inédita e histórica, sete ex-ministros do Meio Ambiente, dos cinco governos anteriores, estiveram no Instituto de Estudos Avançados da USP para divulgar um comunicado conjunto e conceder uma entrevista coletiva sobre a atual gestão do Ministério do Meio Ambiente. Vamos fazer algumas reflexões a respeito dessa importante iniciativa.
Rubens Ricupero, indicado por Itamar Franco, José Carlos Carvalho e Gustavo Krause, ministros no governo Fernando Henrique Cardoso, Marina Silva e Carlos Minc, chefes da pasta no período Lula, Izabella Teixeira, ministra de Dilma, e Edson Duarte, o escolhido de Temer, reuniram-se para discutir e elaborar uma carta a respeito do atual Ministério do Meio Ambiente. O professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE), diz que a gestão de Ricardo Salles de Oliveira escolheu parar de receber os repasses das antigas administrações. Segundo o especialista, esse é apenas um caráter do desmonte.
“A política ambiental foi consolidada ao longo dos últimos 25 anos. Passou por governos de esquerda e direita. Da Dilma ao Collor, foram decisões técnicas levando em consideração o futuro do País”, argumenta Côrtes. Houve uma demissão em massa de técnicos do Ministério. Eram profissionais qualificados, que acumulavam experiência de atuação há décadas.
O ministro Carlos Minc defende que abandonar o protocolo do Ministério nos últimos anos é voltar no tempo. A atuação de Salles de Oliveira pode ter um reflexo negativo no próprio agronegócio, uma vez que o mercado europeu, por exemplo, pode encerrar suas negociações com o Brasil, visando ao impacto negativo da produção brasileira sobre o meio ambiente.
Os ministros elaboraram e assinaram uma carta de repúdio à atuação do Ministério do Meio Ambiente.