A reunião da Cúpula do Clima, realizada virtualmente, foi convocada pelo presidente Joe Biden com o objetivo de retomar as discussões relativas ao meio ambiente, reduzir as emissões de gases de efeito estufa em nosso planeta e reverter os prejuízos causados por seu antecessor, Donald Trump, com o retorno dos Estados Unidos ao Tratado de Paris. Na opinião de Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física das USP, essas ações por parte do presidente americano buscaram colocar os Estados Unidos novamente à frente das discussões climáticas. “Isso foi feito para que eles voltem a ter um protagonismo importante, pois a questão climática vai ser uma das questões centrais nas próximas décadas e quem ficar de fora dessa discussão vai realmente não ter condições de ter qualquer papel de liderança mundial.”
O professor também lembrou que a Cúpula do Clima, que contou com a participação de líderes de 40 países, além de representantes da Organização das Nações Unidas, é diferente da COP26, uma reunião da Convenção Climática, que ocorre em novembro, em Glasgow, na Escócia. Esse encontro serviu como uma preparação para o evento do final do ano.
A participação do Brasil e a postura do presidente Jair Bolsonaro foram malvistas e mal recebidas pelos governos estrangeiros, segundo análise da mídia internacional. O professor Artaxo explica que “essa reação ocorreu pelo fato de ter sido feito um conjunto de promessas sem qualquer possibilidade de ser efetivamente cumprido”. O físico não acredita que pressões e cobranças feitas após a Cúpula do Clima irão mudar a postura do governo brasileiro. No entanto, ele lembra que “é muito importante que os países desenvolvidos também reduzam as suas emissões da queima de combustíveis fósseis para garantir, inclusive, a permanência da floresta amazônica como estoque de carbono em áreas continentais em nosso planeta.
Buscando contribuir com essa mudança, o presidente Joe Biden prometeu reduzir em 50% as emissões de gases do efeito estufa em seu país até 2030. Na opinião do ambientalista e cientista Carlos Nobre, pesquisador colaborador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, essa será uma missão difícil, mas não impossível. “O grande desafio dos EUA em cumprir a sua meta de reduzir suas emissões totais será reduzir as emissões de combustíveis fósseis para energia elétrica e transportes. Cerca de 70% da emissões de gases de efeito estufa do país vêm da queima de combustíveis fósseis.” Segundo o professor Nobre, a meta do presidente de zerar as emissões na geração da energia elétrica por renováveis conta com um grande obstáculo, que são as indústrias do petróleo, carvão e do gás natural, que representam cerca de 17% do PIB mundial. “Vai ter de haver uma enorme transformação, geração de novos empregos e uma mudança econômica global.”
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