Estoque regulador de alimentos pode ser útil em momentos pontuais

Luciano Nakabashi diz que o objetivo da medida, utilizada no Brasil desde 1929, é reduzir gastos e conter a inflação

 16/12/2022 - Publicado há 1 ano
Por

 

O estoque regulador de alimentos serve como uma reserva de segurança alimentar, mas existem custos para manter esses estoques – Foto: Flickr
Logo da Rádio USP

A inflação segue em alta no Brasil. Isso pode ser notado pelo valor dos alimentos, que têm seus preços em uma constante gangorra. Para o próximo ano, a previsão da taxa básica de juros para o País é de uma elevação de 2% e o objetivo é conter a inflação crescente entre 2021 e 2022. O governo brasileiro, buscando reduzir gastos, pode vir a utilizar o estoque regulador de alimentos. Luciano Nakabashi, professor do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP de Ribeirão Preto, explica que essa medida não é nova, sendo realizada desde o governo Vargas. Na época, ela servia como preço mínimo, para sustentar os produtores do café, principal setor da economia no período, quando ocorreu a grande crise de 1929, o que reduziu a demanda em vários lugares do mundo.

Foi uma questão de política econômica para tentar sustentar a economia. Hoje em dia, a manobra tem um novo perfil. “Estoque regulador são estoques de alimentos locais para fazer estocagem. Compra normalmente quando o preço está baixo, geralmente no preço mínimo, porque, quando o preço está baixo, é porque tem um excesso de oferta para segurar o preço para o produtor de diversos alimentos como soja, café, milho, feijão…” 

Segurança alimentar

Luciano Nakabashi – Foto: Jornal da USP

O estoque regulador de alimentos serve como uma reserva de segurança alimentar, mas existem custos para manter esses estoques. Há gastos com o capital, que fica parado, com os silos, armazéns, mão de obra, transporte. Como o alimento fica parado, pode ocorrer a perda,  porque há risco dele estragar.   

Atualmente, o estoque regulador de alimentos está  mais voltado para o social do que para sustentar preço e ter impacto em setores fundamentais para a economia brasileira. O professor explica que “a população se beneficiará em momentos em que o preço está mais alto. Ela também é beneficiada quando há falta de alimentos. Você pode fazer políticas, acho que é uma das ideias neste momento. Pode-se fazer uma cesta básica com parte desses alimentos para, de fato, ajudar a população pobre. Esta seria uma política meio permanente, já que não se sabe quando realmente vai faltar, quando o preço vai aumentar. São ciclos que não são tão previsíveis. Pode haver uma quebra de safra num lugar, o que afeta o preço do produto, por questões climáticas, que não são muito previsíveis. O estoque regulador de alimentos serve para momentos pontuais”.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 

 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.