Especialista destaca potencial do Brasil no mercado de crédito de carbono

Para Gabriel Estevam Domingos, o País poderia monetizar o crédito de carbono, seja com sua força agrícola, seja com a preservação das florestas

 21/04/2021 - Publicado há 3 anos     Atualizado: 21/10/2021 as 21:38
O mercado de crédito de carbono está em ascensão, visto que países vão tentar diminuir as emissões de gás carbônico – Foto: Pixabay

 

O programa Ambiente É o Meio desta semana conversa com o engenheiro ambiental Gabriel Estevam Domingos, pesquisador vinculado ao Centro de Capacitação e Pesquisa em Meio Ambiente da Escola Politécnica (CEPEMA-POLI) da USP, sobre a precificação do crédito de carbono.

A precificação do carbono depende da substituição que será feita e do potencial de retenção desse gás carbônico. É um mercado em ascensão, em que os países vão, a partir de economia de mercado de gás carbônico, deixar de emitir. Como explica o engenheiro ambiental, “os créditos de carbono diferem muito os valores, porque tem várias formas de deixar de emitir carbono, ou sequestrar, que são coisas distintas”. Por possuir uma grande extensão territorial, o Brasil tem a possibilidade de “monetizar e entrar nesse mercado”, visto que o crédito de carbono “se comporta, também, como uma commodity”.

O Brasil é um país agrícola, portanto, apresenta um potencial enorme de reter carbono nessas atividades, com isso é possível “gerar um crédito de carbono para negociar com quem não tem essa possibilidade”.

Gabriel Estevam Domingos – Foto: Wikipédia

O engenheiro conta que “existe o mercado voluntário de emissão de carbono, como é o caso do Brasil, e o mercado obrigatório, por exemplo, na Europa, onde se tem metas de emissões”. O Protocolo de Kyoto, de 1997, e o Acordo de Paris, de 2015, “preveem a diminuição do aumento da temperatura em 2ºC, comparado a períodos pré-industriais, com a diminuição de emissões de carbono e gases do efeito estufa”. Esses acordos foram estabelecidos, visando a criar uma forma de incentivar os países desenvolvidos a reduzirem as emissões.

Segundo Domingos, em processos produtivos que, em grande maioria, geram gases de efeito estufa, há o princípio do poluidor-pagador. Quando não é possível mexer no processo, atingir as metas pré-estabelecidas por meio desses acordos, há a compra de créditos de entidades e empresas que estão deixando de emitir, de forma a fechar o ciclo do carbono e a compensar a emissão.

Por outro lado, as florestas também valem carbono. Em alguns casos, a perda de mercado de carbono é maior do que o ganho que se obtém ao derrubar uma floresta, é um valor econômico que a vegetação acarreta, além dos lucros tradicionais de exploração, evidenciando a importância da manutenção da vegetação nativa.

 


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