Endometriose é problema de saúde pública mas tem tratamento

O diagnóstico nos estágios iniciais da doença pode evitar possíveis complicações e desconfortos

 20/03/2019 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 02/04/2019 às 11:30
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Muitas mulheres conhecem a dor e o sangramento da endometriose. Outras desconhecem que possuem a doença. Por isso, foi criada a campanha Março Amarelo, que promove o compartilhamento de informações mais completas sobre as causas e os tratamentos disponíveis. Na endometriose, pedaços do revestimento do útero (endométrio) migram para fora dele e ficam incrustados em outros tecidos abdominais. As mulheres pensavam que as dores eram apenas cólicas. Hoje, os sintomas da endometriose são conhecidos e já é possível recorrer à cirurgia para tratamento.

A divulgação é fundamental. No Brasil, muitas campanhas foram feitas no combate ao quadro, que afeta de 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva, 40% das adolescentes com cólicas incapacitantes. De qualquer maneira, existem exames de imagem para o diagnóstico. Desenvolvido no Brasil, com ajuda da Universidade de São Paulo, o Laboratório Fleury desenvolveu o ultrassom com protocolo para endometriose. O Jornal da USP no Ar entrevistou Maurício Simões Abrão, diretor da Divisão de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina (FM) da USP.

“É um grave problema de saúde pública”, diz ele. Além das dores e sangramentos incomuns na menstruação, as cólicas podem se dar fora do ciclo, ou seja amenorreica. Fora isso, há dificuldades na gravidez e chance de ocorrer dor durante relação sexual, evacuação do fluido menstrual e urinação, tal como consequente dificuldade. “Esses são os sintomas para os quais a mulher deve atentar e procurar um especialista assim que possível”, completa o especialista.

Antes do ultrassom, o ginecologista realiza o exame clínico, e a partir da sua expertise indica o que fazer, caso haja ou não a doença, explica o docente. Se o quadro for confirmado, a endometriose se caracteriza por três diferentes tipos. A superficial, na qual os sintomas e consequências são mais brandas. De ovário, mais relacionada à gravidez. E a profunda, a mais grave, com depósito de tecido endometrial na pélvis, podendo atingir bexiga, útero e intestino.

Na última condição, existe a possibilidade de cirurgia. “O procedimento não é aberto, ou seja, não há corte no abdômen”, aponta Abrão. O recomendado é o método laparoscópico videoassistido, que por meio do auxílio de lentes e câmeras permite uma maior precisão, tornando o processo menos invasivo, completa. Retira-se, sem sequelas, o acúmulo de material menstrual, aliviando todos os possíveis sintomas do paciente, além de evitar possíveis danos causados pela doença.

Quando uma mulher é diagnosticada com endometriose, o pré-natal deve ter atenção especial. As chances de aborto espontâneo aumentam nos três primeiros meses. Salvo a maior ocorrência de descolamento e intercorrência da placenta, placenta prévia e parto prematuro. Estimular a produção de progesterona natural é uma possível solução para as futuras mães.

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