Em atividades com intensidade moderada, uso de máscara não causa alterações físicas

Pelo contrário, segundo o professor Bruno Gualano, há estudos que mostram que elas podem até melhorar o desempenho de atividades físicas

 22/03/2022 - Publicado há 2 anos
Há mentiras que circulam sobre praticar exercícios físicos com máscaras, como a diminuição da saturação e o aumento da atividade cardíaca  – Foto: Mika Baumeister via Unsplash
Logo da Rádio USP

Fazer exercícios com o uso de máscara afeta o desempenho e a saúde de alguma forma? O professor Bruno Gualano, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina (FM) da USP e especialista em Fisiologia do Exercício, explica que usar máscaras não altera atividades fisiológicas. Pelo contrário, protege contra a covid-19 e ainda há estudos que mostram que elas podem até melhorar o desempenho de atividades físicas.

“Aulas de danças, musculação e squash. O que esses ambientes têm em comum? São lugares fechados e aglomerados, praticados principalmente nas academias, onde possuem o risco maior de infecção”, destaca o professor em entrevista ao Jornal da USP 1ª Edição. Diferentemente das desinformações que circulam sobre as máscaras, Gualano conta que há pesquisas desde o início da pandemia que comprovam com grau de excelência a importância de utilizar máscaras nesses ambientes para evitar a contaminação.

Bruno Gualano, professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina e especialista em Fisiologia do Exercício – Foto: Arquivo pessoal

“Para atacar o uso da máscara, muitas pessoas atacam princípios básicos da fisiologia, mas não há controvérsias”, alerta. Ele conta que há mentiras que circulam sobre praticar exercícios físicos com máscaras, como a diminuição da saturação e o aumento da atividade cardíaca. “Já foi comprovado que em atividades com intensidade moderada, aquelas que nós conseguimos conversar com o colega do lado e recomendadas pela Organização Mundial da Saúde, não há alteração na saturação de oxigênio, percepção de esforço ou alteração cardíaca. O que pode causar essas situações é se o indivíduo for infeccionado pela covid-19.”

Questão de adaptação

O professor ressalta que mesmo pessoas com comorbidades e transplantadas não apresentaram alterações ao fazer exercícios usando máscara. Ele ainda conta o exemplo de crianças em salas de aula pouco ventiladas. Nessas situações, os pais podem colocar a máscara no filho para proteger contra infecções. “Não existe sequer a percepção de cansaço das crianças que continuam usando a máscara”, comenta.

Praticar exercícios com a máscara é motivo de incômodo para muitas pessoas, mas é uma questão de adaptação que pode até melhorar o desempenho físico, de acordo com Gualano. Ele faz a comparação com o treino em locais de grandes altitudes: “Há evidências de que usar uma máscara especial de altitude, os resultados de desempenho de treinos melhoram”, afirma. “Se persistir o uso da máscara, o meu palpite é que, se houver uma alteração, será para melhor”, acrescenta o professor.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.