"A qualidade estética se deteriora muito e as pessoas começam a se afastar do rio, ao invés de se aproximar” - Foto: Reprodução/Pixabay
Diminuir assoreamento, recompor a mata ciliar e não poluir: ações para ressuscitar um rio
José Carlos Mierzwa explica que a população pode contribuir para conservar os rios utilizando a água racionalmente e motivando campanhas de recuperação da qualidade dos corpos de água
O processo de canalização dos cursos de água e a retirada de seus meandros, para fins agrícolas, o despejo de esgoto e o uso desordenado do solo próximo dos rios, por exemplo, têm como consequência enchentes, perda de habitat natural, o assoreamento, poluição, o que acaba levando ao fim do corpo de água.
Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor José Carlos Mierzwa, do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Escola Politécnica (Poli) da USP, explica porque esses fatores levam à morte do rio. “O oxigênio fica muito baixo e não tem mais como manter vida. A qualidade estética se deteriora muito e as pessoas começam a se afastar do rio, ao invés de se aproximar.”
A morte do Rio do Aterro, na Paraíba, foi ocasionada pela canalização, feita para fertilização do solo e produção agrícola. Mas, conforme destaca Mierzwa, com a retirada da mata ciliar para o cultivo, o solo ficou exposto e teve seus sedimentos e nutrientes carregados para dentro do rio — o que propiciou a proliferação de algas e diminuição da capacidade do rio fluir, por exemplo.
José Carlos Mierzwa - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
E como "ressuscitar" um rio?
A população da região do Rio do Aterro verificou o problema e começou a fazer um manejo do rio. Conforme explica o professor, “removeram as plantas que cresceram e tentaram recompor a mata ciliar” para proteção contra sedimentos. O processo de dragagem, nesse caso, foi feito pela Prefeitura. Nesse sentido, diminuir o assoreamento, acúmulo de terra no rio, recompor a mata ciliar, para evitar que o solo fique exposto à chuva, e não poluir, diminuindo o despejo de esgoto e lixo, são essenciais para ressuscitar um rio.
Foto: Reprodução/Flickr
Já nos casos dos grandes centros urbanos, como São Paulo, houve iniciativas para ampliar a rede de esgoto, o que já atenua o problema da poluição dos rios. Há também as Estações Recuperadoras de qualidade da água, nas quais retira-se o esgoto do córrego e se envia para uma estação de tratamento no nível adequado. “Essa opção é provisória, até que se consiga efetivamente melhorar a condição de ocupação do solo, ou seja, reurbanizar aquela área.”
O especialista ressalta como a população pode contribuir para conservar os rios. “Primeiro, com relação à forma de utilização da água: que seja feita racionalmente para diminuir a demanda e a geração de esgoto. A outra é […] motivar campanhas de recuperação da qualidade desses rios, porque normalmente as pessoas costumam falar que a cidade virou as costas para os rios.”
Jornal da USP no Ar
Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.