Diferenças ideológicas não prejudicarão comércio entre Brasil e Argentina

Embaixador Rubens Barbosa explica que rigidez das regras do Mercosul impede que medidas unilaterais sejam tomadas

 31/10/2019 - Publicado há 4 anos
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No último domingo, dia 27, a Argentina voltou a colocar um candidato peronista na Presidência ao eleger a chapa encabeçada por Alberto Fernández e Cristina Kirchner. O presidente Jair Bolsonaro disse que o país vizinho “escolheu mal” e decidiu que não cumprimentaria Fernández pela eleição. Para entender os possíveis tensionamentos entre Brasil e seu terceiro principal parceiro econômico, o Jornal da USP no Ar conversou com o embaixador Rubens Barbosa, colunista da Rádio USP e presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior.

Barbosa relembra que, ao longo da história, Brasil e Argentina já passaram por momentos de crises em seu relacionamento, mas eram atenuados pelo “pragmatismo no trabalho dos diplomatas de ambos os países”. Por exemplo, houve situação semelhante durante os últimos anos do regime militar, no governo de João Figueiredo. “Em contraste ao Brasil, havia sido eleito na Argentina o Raúl Alfonsín, que era liberal e democrático. Mesmo assim, os países firmaram o mais importante acordo comercial entre eles, que depois desaguou no Mercosul”, comenta.

Quanto ao suposto risco de fragmentação e confrontos internos no Mercosul, o embaixador afirma que esse discurso vem de pessoas que “desconhecem o que consta no tratado de criação do bloco”. “O tratado prevê regras muito claras. Modificações substanciais devem ser aprovadas pelos quatro países em conjunto, não existem medidas unilaterais.” Por exemplo, a movimentação do Brasil a favor de uma redução da tarifa externa comum aos países. Barbosa conta que, após conversas técnicas com os outros países do bloco, a medida somente será aprovada se houver consenso na próxima reunião, que deve ocorrer em dezembro. Não existem meios para o Brasil simplesmente impor alguma resolução. “Há regras que têm que ser cumpridas, e as especulações que estão circulando desconsideram as normas que regem o Mercosul.”

Ouça a entrevista completa no player acima.


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