Na era das redes sociais, avanços tecnológicos e esportes eletrônicos conquistam cada vez mais adeptos. A Olimpíada de Tóquio 2020 (realizada em 2021 por conta da pandemia) conseguiu atrair os jovens, especialmente pelas conquistas de atletas mais novos e a inclusão de esportes que, em sua maioria, são praticados por esse público, como o skate e o surfe.
O principal exemplo brasileiro foi Rayssa Leal, a “Fadinha do skate”. A skatista, de apenas 13 anos, conquistou a medalha de prata na categoria Street. E o skate continuou apresentando o brilhantismo das meninas na categoria Park, com Hiraki Kokona, 12 anos, e Sky Brown, 13, subindo ao pódio na conquista da prata e bronze, respectivamente. Já nos saltos ornamentais, foi a chinesa Quan Hongchan, de 14 anos, quem levou a medalha de ouro.
recorde de ouros e medalhas
Mas, além da inclusão de modalidades como skate e surfe, que estrearam nesta edição, e Break Dance, que fará sua estreia nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, a boa participação brasileira na Olimpíada de Tóquio – recordes de ouros e medalhas e a melhor campanha do Brasil em toda a história, com o 12° lugar – também deve atrair mais jovens interessados pela prática esportiva.
Para o professor Hugo Tourinho Filho, da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP, “toda vez que o País é bem representado nos Jogos, há uma maior motivação para a prática”. O professor cita o exemplo do skate, que, acredita, levará maior número de crianças e jovens aos parques, praças e condomínios, já que “as crianças querem viver o sonho que a ‘Fadinha’ viveu na Olimpíada”.
Iniciação precoce explica bons resultados de jovens atletas
Nem todas as modalidades esportivas dependem de prática precoce. Alguns esportes – com alta complexidade nos gestos, como as ginásticas artística e rítmica e a natação – exigem treinos que devem começar o mais cedo possível. O que não significa “não respeitar a integridade da criança”, garante o professor Tourinho Filho. São esportes que demandam um processo pedagógico que garanta a execução dos gestos complexos por toda a trajetória do atleta, com nível de excelência que deve ser alcançado ainda na juventude. Já outras modalidades, principalmente os esportes coletivos, podem facultar aos atletas o alcance da excelência mesmo com o início mais tardio dos treinos. Isso explica porque, em alguns esportes, o desempenho e o sucesso vêm mais cedo, enquanto, em outros, bem mais tarde, como o atletismo nas provas de longa duração, explica Tourinho.
Brasil precisa de investimentos na base e em projetos olímpicos
“Infelizmente, nosso país não tem um projeto olímpico bem elaborado”, diz o professor, afirmando que a preparação e a formação esportiva para os Jogos Olímpicos de 2024 deveriam ter começado há dez anos. Como em 2016, com os Jogos Olímpicos realizados no Brasil, foi investido bastante dinheiro no Rio de Janeiro e “conseguimos boas participações” na Olimpíada de Tóquio, “mas faltou um projeto bem elaborado”.
Tourinho afirma que, para que o Brasil consiga maior destaque olímpico, é preciso planejamento em longo prazo e investimentos na base, especialmente em esportes olímpicos. Segundo o professor, o investimento é importante não só pensando nas competições esportivas, mas também na sociedade como um todo. “O esporte não forma só atletas, mas também cidadãos.”
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